Pequena Lo: “Eu me tornei a referência que não tive”

Pequena Lô, que tem síndrome rara, ministrou palestra para um público 100% formado por pessoas com deficiência em Vitória

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Através de vídeos com situações engraçadas do cotidiano com as quais o público se identifica, a mineira Lorrane Silva, a Pequena Lô, se tornou um fenômeno nas redes sociais alcançando mais de 10 milhões de seguidores.“Percebi que havia furado a bolha da internet quando comecei a receber feedbacks de famosos que eu assistia na televisão, que eu jamais imaginava que conseguiria ter contato, e quando as pessoas passaram a me ver pelo meu trabalho e não pela minha deficiência”, lembra a também psicóloga de 29 anos, em entrevista por telefone.Portadora de uma síndrome rara, mas associada à displasia óssea, que causa encurtamento dos ossos, ela virou referência no humor e hoje, além de atuar como apresentadora do programa “No Divã da Lô”, ministra palestras em que fala sobre criatividade e o uso dela na sua trajetória de sucesso.Normalmente apresentado em empresas, o bate-papo integrou a grade do Festival PCD – Pinta, Canta e Dança, que ocorreu em Vitória na última semana. Na ocasião, Pequena Lô viveu uma experiência inédita: a de palestrar para um público 100% formado por pessoas com deficiência. E tem consciência de sua representatividade.“Por mais que eu seja uma figura pública, conto as vivências que já tive de capacitismo e meio que acolho elas. Por mais que eu tenha um lugar de privilégio, passei por algumas situações dessas. Então, eu me tornei a referência que não tive e isso é muito especial, porque as pessoas que estão ali se sentem próximas a mim”.“Sempre gostei de encenar e do improviso”

Pequena Lô é psicóloga e apresentadora

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Divulgação

A Tribuna – Como uma boa mineira, você esteve no Espírito Santo algumas vezes.Pequena Lô – Sim. Essa é minha quarta vez. Quando eu era criança, fui muito com a minha família a Guarapari, que é a praia do mineiro. (Risos) Dessa vez, conheci melhor Vitória e Vila Velha.Sua família é “farofeira”?Sempre foi! Todo ano a gente tinha uma rotina de viajar na semana do Dia das Crianças, que lá em Minas a gente chama de “semana do saco cheio”. As três vezes que fui para o Espírito Santo foram de trem de ferro. É uma experiência muito boa, que todo mundo tinha que ter pelo menos uma vez.Tem uma boa história?Teve uma vez que viajei em 10 pessoas para ficar uma semana em Guarapari. A gente ficava o tempo inteiro junto, fazendo churrasco, indo à praia…Se considera mais engraçada ou criativa?Digo que me acho mais engraçada fora das câmeras. Meu maior prazer sempre foi fazer as pessoas darem risada quando eu contava uma história, sempre gostei de encenar e do improviso.A criatividade me levou a descobrir que gostava do humor e os dois se complementam. Ser uma pessoa expressiva também me ajuda bastante ao contar histórias.O que te levou a gravar vídeos para a internet?Foi meu primo que falou que eu tinha que ir para a internet contar as minhas histórias. Falei que ele estava doido. (Risos) Quando a gente faz uma coisa que já faz parte da rotina, acaba que não percebe que aquilo pode ser um dom. Então, fiquei um pouco assustada. Até que comecei a gravar para o YouTube em 2015 e deu certo.Até que ponto era só você uma câmera e um sonho?Eu tinha uma câmera e um sonho até 2018. Em 2019, a coisa começou a ficar mais séria. Hoje, tenho várias pessoas que trabalham comigo, e elas são separadas por áreas. Quem me ajuda com roteiro, temas e a fazer publicidades é o time de digital formado por 10 pessoas.Mas as ideias continuam partindo de você?Sim. A gente discute, colocando a minha opinião e o que eu acho que o meu público está acostumado.Como é ser uma pessoa que não tem haters?Não é assim não, viu? Tenho hater, sim! (Risos) Mas não é algo que me incomoda hoje em dia, até porque nunca ninguém vai gostar de tudo. Eu mesma não gosto de tudo!Tem os haters que acabam falando coisas que não precisam, que não gostam do simples fato de eu ser uma mulher com deficiência e ocupar esse espaço. Mas eu aprendi na terapia que isso fala mais sobre eles do que de mim.De que forma que a psicologia te ajuda a lidar com a fama?Acho que para lidar com gente chata. (Risos) Mas em tudo, né? Eu preciso saber, por exemplo, que tema que vai gerar identificação para o público. A psicologia me ajuda para gravar, dar uma palestra e apresentar o meu programa, já que ali tem tanto a Lô psicóloga quanto a Lô apresentadora.Sempre sonhou em ter um programa?Foi um sonho que começou a partir da minha estreia como apresentadora, quando fui convidada pela Luísa Sonza para apresentar o programa “Prazer, Luísa”. O “No Divã da Lô” foi pensado para sair do jeito que eu queria, unindo minha formação em Psicologia com o humor.Em quem você se inspira para atuar como apresentadora?Sou muito fã da Tatá Werneck, até mesmo antes do “Lady Night”. Ela tem um humor muito rápido, e uma genialidade que é só dela, mas que eu me identifico, sabe?Quem você sonha em entrevistar?Diria a Rihanna. Seria um baque. Nem sei se conseguiria entrevistar, porque já teria desmaiado quando ela chegasse no estúdio. Vamos jogar bem alto? Falaria ela. E tem a Tatá Werneck também.O que ainda sonha em fazer na sua carreira?Estar na TV como atriz. Já fiz participações em séries, filmes e novelas, afinal ela tem um currículo grande, né, meu amor? (Risos) Mas seria incrível interpretar uma vilã, sair um pouco do humor.Já pensou em fazer stand-up?Sim, mas ser apresentadora e atriz fala mais alto.

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