Um político à procura do seu espaço

Quem conhece Ronaldo Lessa (PDT) desde o início da sua trajetória política sabe muito bem que ele hoje tem um perfil muito diferente daquela época em que entrou nessa seara.

De líder estudantil perseguido e preso pelo regime militar foi pouco a pouco se reciclando e se adaptando às circunstâncias que passou a vivenciar.

Ainda deputado estadual – seu primeiro mandato eletivo – em 1986 foi para o sacrifício de concorrer ao governo do Estado contra duas lideranças de direita apenas para abrir espaço para a esquerda numa disputa em que sabia antecipadamente não ter nenhuma chance.

Naquele ano foi o único a ousar enfrentar o senador Guilherme Palmeira e o deputado federal Fernando Collor de Mello – que terminou eleito governador e três anos depois seria eleito presidente da República.

Sem mandato, em 1988 restou a Ronaldo Lessa concorrer a vereador por Maceió, como forma de se manter vivo na lembrança do eleitor e acabou eleito com uma diferença de apenas dois votos sobre Terezinha Ramires.

Em 1992 se preparou para ser vice de Teotonio Vilela Filho na disputa pela Prefeitura de Maceió, se descuidou da campanha de reeleição à Câmara e de última hora terminou preterido pelo também vereador Marcus Vasconcelos.

Sem alternativa e com poucas chances de se manter na Câmara de Vereadores, até porque não havia trabalhado pela reeleição, restou-lhe sair candidato a prefeito enfrentando o senador Téo Vilela e o deputado estadual José Bernardes, bem ao estilo “se é para perder, melho perder para prefeito”.

De “candidato garçon”, que não passava de 10% nas pesquisas, surpreendeu até a si próprio ao chegar no segundo turno contra Bernardes, desbancando o favorito Vilela.

Ganhou “de lavada” no segundo turno, foi prefeito e posteriormente se elegeu governador por duas vezes, perdendo uma eleição para o Senado, na qual era favorito, por mera acomodação – Fernando Collor fez uma campanha de 29 dias e foi o eleito.

Foi deputado federal, depois teve a humildade de ser vice-prefeito de João Henrique Caldas e, em 2022, renunciou para ser vice-governador de Paulo Dantas.

Desde que assumiu tem procurado dar visibilidade ao cargo e a si mesmo, através de diversas ações e projetos por meio da Câmara de Estudos Políticos da Vice-Governadoria.

Nesta terça-feira, 18, Ronaldo Lessa, comanda mais um desses eventos, reunindo dirigentes de partidos políticos para um debate sobre “Democracia na Contemporaneidade”.

E assim, aos 75 anos de idade, como um estranho no ninho do MDB que domina a cena política em Alagoas, vai em busca de um espaço próprio que lhe permita, em 2026, criar uma alternativa para obter um mandato e permanecer como personagem e não mero figurante.

 

 

 

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