ABDOME AGUDO II

Os tipos de abdômen agudo incluem o hemorrágico, o perfurativo, o inflamatório, o vascular e o obstrutivo. A seguir citaremos as principais causas de cada tipo de abdômen agudo.

Abdômen agudo hemorrágico: gravidez ectópica rota, rotura de aneurismas, roturas de cistos ovarianos, tumores hepáticos. Abdômen agudo perfurativo: úlcera péptica, divertículos do colón, doença inflamatória intestinal, corpo estranho. Abdômen agudo inflamatório: apendicite aguda, colecistite aguda, colangite, diverticulite, pancreatite aguda.

Abdômen agudo vascular: embolia da artéria mesentérica superior, choque hipovolêmico, trombose mesentérica arterial ou venosa. Abdômen agudo obstrutivo: brigas e aderências, neoplasias, hernias da parede abdominal, diverticulite, volvo, doença inflamatória intestinal, íleo biliar, corpo estranho.

A rotina de abdome agudo, que constitui as radiografias de tórax (póstero-anterior) e abdome (deitado e em ortostase), é o exame de imagem mais acessível na avaliação inicial do doente.

Permite visualizar a presença de pneumoperitônio, distensão de alças, níveis hidroaéreos, corpos estranhos. A etapa em ortostase pode ser substituída pela radiografia em decúbito lateral com raios horizontais, na impossibilidade de o doente permanecer em pé para o exame.

A ultrassonografia possui elevada sensibilidade para doenças das vias biliares, massas, coleções e líquido livre na cavidade abdominal. Contudo, a tomografia contrastada do abdome é o exame de maior acurácia no contexto do abdome agudo.

Os exames laboratoriais são direcionados pela síndrome clínica, porém a maioria dos doentes se beneficia de um perfil que inclui hemograma completo, gasometria, eletrólitos, função renal e glicemia.

Diversas doenças podem simular um abdome agudo. Essas condições que eventualmente se apresentam com dor abdominal devem estar na lembrança do médico-assistente. São elas: Pleuropulmonares: pneumonias com consolidações, preurite, derrames pleurais. Cardiacas: síndroe coronariana aguda, pericardite.

Genitourinárias: infecção do trato urinário, litíase. Infecciosas: herpes zoster, babes dorsalis, turberculose peritoneal. Gastrointestinais: enteroinfecções, febre tifoide. Colagenoses: poliaterite nodosa, lúpus eritematoso sistêmico. Metabólicas: cetoacidose diabética, porfiria aguda, uremia. Hematológicas: crise falcêmica.

A cirurgia é a terapia de escolha na maioria dos pacientes com abdome agudo, reservando o tratamento clínico para algumas condições específicas. Dois exemplos são a pancreatite aguda e a diverticulite, nas quais a cirurgia está indicada somente nas complicações.

A laparotomia também pode ser utilizada como método diagnóstico nos pacientes sem etiologia definida e que apresentem sinais francos de irritação peritoneal ou dor persistente associada a piora clínica.

No abdome agudo vascular, terapias endovasculares podem ser associadas para reestabelecer o fluxo sanguíneo mesentérico nos casos de embolia e trombose arteriais. Em todos os pacientes, a estabilização hemodinâmica e a antibioticoterapia, quando indicada, devem ser instituídas precocemente para um melhor resultado cirúrgico.

O abdome agudo, devido à sua etiologia multifatorial, pode ser um desafio diagnóstico. Contudo, sua suspeição deve ser elevada para uma rápida definição terapêutica. No fluxograma do atendimento ao abdômen agudo, há uma simplificação para orientação diagnóstica a partir das características da dor.

Porém, apresentações atípicas e a congruência dos sintomas das diversas síndromes clínicas podem distanciar o médico assistente da causa do problema.

 

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.

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