“Pau da Mentira”: Entenda por que restaurante foi “rebatizado” em Serra Pelada

Maria Cleonice Lopes tem 65 anos de idade e carrega consigo uma história de vida que se entrelaça a um lugar que, para ela, “é um pedacinho do céu”. Serra Pelada é distrito da cidade de Curionópolis, onde Maria tem um restaurante chamado Vitória, entretanto, ele é popularmente conhecido como “Pau da Mentira”, e o motivo o portal Correio de Carajás conta agora.

Maria Cleonice, chamada carinhosamente de dona Maria, chegou em Serra Pelada no ano de 1986, período em que a presença feminina passou a ser permitida no local, vinda de Eldorado dos Carajás, na companhia dos filhos, para morar com o marido, na época garimpeiro, atraído pelo sonho dourado da mineração do ouro.

Bem-humorada, dona Maria explica que desde que chegou em Serra Pelada, na época uma vila, trabalhava fazendo refeições e vendendo para os garimpeiros, no entanto, o local onde abriga o estabelecimento já era conhecido como “Pau da Mentira”, que na verdade é uma árvore de apuí, onde era o ponto de encontro dos garimpeiros.

“No meio das conversas (entre eles) saía muita mentira. Porque garimpeiro é igual pescador, ele só conta a história que pegou 50 quilos de ouro, 100 quilos, ninguém conta que pegou 10 gramas de ouro”, relembra dona Maria.

Com um sorriso nostálgico, ela conta: “Quando cheguei aqui, era um lugar muito bom. Tudo o que a gente colocava para vender, vendia. Era uma multidão na rua, muito dinheiro, muito ouro.” Dona Maria começou com uma barraquinha simples, onde servia o que sabia fazer de melhor: comida caseira e acolhedora. O aroma de sua galinha caipira e do bife temperado com carinho atraía todos.

“O segredo da freguesia fiel é o meu tempero e o amor no coração”, diz ela com um brilho nos olhos. Seu restaurante, que já chegou a servir mais de duzentas refeições por dia, era mais que um comércio; era um lugar de encontro, de afeto e de histórias que fizeram parte da vida daqueles que, como ela, tinham decidido se enraizar em Serra Pelada, o chamando de lar.

Todavia, quando o garimpo fechou, a vida no distrito se tornou difícil, e ela precisou fechar as portas do restaurante e voltar a vender em uma barraca.

Mas os anos passaram, o lugar voltou a prosperar, e dona Maria reabriu as portas do seu restaurante, que continua a ser o ponto de encontrado dos moradores e visitantes.  Além do tempero, outro segredo da casa cheia, é o preço atrativo da refeição, o cliente paga R$ 35,00, “precinho camarada e pode repetir quantas vezes quiser”.

Maria é enfática ao afirmar: “fico aqui até o dia que Jesus vier me buscar, e que seja daqui a uns 200 anos”, brinca.

(Theíza Cristhine)

 

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