Autenticidade e resistência

Ah, o bairro do Rio Vermelho, como é bom viver aqui, e olha que nem falo da vida noturna e boêmia. O bairro me traz outros sons que me convidaram a revisitar o CD (olha como sou cringe – CD!) de um multiartista que aprontou muito por aqui, que curtiu a cidade como poucos, o Edy Star. Seu álbum Edy Star – Cabaré Star, de 2017, é uma obra marcante na sua carreira, sua personalidade culta e irreverente está toda ali. E tem um pouco de tudo que ele gosta, o rock, o pop e, claro, a música de cabaré; além de temas como o amor, a liberdade e transgressão que reafirmam a figura provocadora e inovadora de Edy Star que até hoje, com 87 anos, vem desafiando as convenções sociais e musicais, e conseguindo transitar entre o popular e o experimental. Vale a pena ouvir.Acompanhando esse som, indico para leitura a sua biografia recém lançada: Eu só fiz viver: a história oral desavergonhada de Edy Star. Ah, como é boa. É uma biografia necessária que se concentra na trajetória do cantor e performer ícone da música brasileira e da cultura LGBTQIA+. Organizado por Daniel Lopes Saraiva, Igor Lemos Moreira e Ricardo Santhiago, o livro apresenta depoimentos de pessoas próximas a Edy, trazendo relatos sobre sua carreira, sua luta por visibilidade e sua contribuição para a música e para a cena cultural do país. Com uma linguagem intimista, a obra resgata a história de superação e reinvenção de Edy, marcada pela autenticidade e resistência.E pra fechar essa sessão, indico para ir o festival Mínimos Óbvios – ano 3 – teatro a uma voz, que acontecerá entre os dias 17 e 21 de março na Facom (Ufba), na Casa Rosa e no Gambiarra Boteco (Rio Vermelho). O evento vai reunir pesquisadores e artistas, nacionais e internacionais, para discutir o teatro e a diversidade sexual e de gênero, com conferências, mesas de conversas, apresentações de trabalhos e shows. Inclusive o festival se encerra no Gambiarra Boteco (bar localizado na Rua Alagoinhas, 56), com a Carnavalização, um encontro festivo, democrático, com shows, performances e improvisos. E claro, uma apresentação de Edy Star, essa pessoa maravilhosa, irreverente e baiana.*Ator e pesquisador
Adicionar aos favoritos o Link permanente.