Tempo rei, tempo Gil: em Salvador, baiano se despede dos palcos com emoção e homenagens

O tempo, senhor de tudo, fez de Salvador o ponto de partida para a última grande travessia de Gilberto Gil pelos palcos do mundo. No primeiro show da turnê “Tempo Rei”, neste sábado, 15, em Salvador, o artista baiano cantou para sua cidade, onde a música nasceu com ele e se espalhou afora.

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Foi uma noite em que o passado, o presente e o futuro se encontraram, ilustrados por uma grande espiral no centro do palco. Sereno, como de costume, o artista guiou o público por uma viagem que transcendeu o tempo. Canções eternas e diversas do seu repertório como Andar com Fé, Não Chore Mais, Esperando na Janela, Palco, A Novidade, e Toda Menina Baiana, se misturaram aos versos da própria Tempo Rei, que deu nome à turnê, e trouxeram consigo a simbologia perfeita para o momento.Com sua voz inconfundível e presença carismática, ele interagiu com o público, que lotou a Arena Fonte Nova – foram 53 mil lugares comprados – relembrando momentos marcantes de sua trajetória e reforçando a importância da capital baiana em sua vida e obra.“É um prazer enorme encontrá-los aqui, ter trazido vocês aqui, eu e os nossos queridos músicos, fazendo nesta noite, este repertório, nessa despedida dos grandes espetáculos que já venho fazendo há mais de 60 anos. Estarmos aqui juntos é o sentido profundo de ter-me dedicado, nós termos-nos dedicado a esta longa carreira”, afirmou o cantor, que até sambou no palco.O show, dedicado ao público e a ele mesmo, também tinha outra “dona” especial: a filha Preta Gil, presença ilustre na plateia após ter passado dez dias internada em Salvador, por conta de uma infecção urinária decorrente do seu tratamento contra o câncer.“Esse show é pra mim, pra todos nós, mas especialmente para minha querida filha Preta, que está ali sentadinha”, declarou Gilberto Gil, com carinho, antes de seguir com sua apresentação.“Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei…Transformai as velhas formas do viver”

|  Foto: Denisse Salazar | Ag. A TARDE

O tempo passou, mas a essência de Gilberto Gil permanece intacta. Munido de um grande aparato técnico-tecnológico, com direito a fogos de artifício, efeitos especiais, e filmagem com drones, além de seus grandes parceiros, a guitarra e o baixo, ele cantou e encantou, fazendo da despedida um rito de celebração.Na banda, o tempo também se fez presente com a presença dos filhos, netos e agregados da família, que há tempos fazem parte de sua caminhada musical. Na guitarra, estava João Gil, primeiro neto. Na bateria, José Gil, o filho caçula. Nos vocais, Nara Gil, a filha mais velha. A direção musical do espetáculo ficou por conta do filho Bem Gil.Quem também deu o tom foi o sanfoneiro Mestrinho. E o encerramento, ilustre, ainda trouxe duas grandes surpresas: Russo Passapusso, vocalista da Baiana System, e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, nas interpretações de Filhos de Gandhi e Toda Menina Baiana.Mas quem também “deu as caras” foi o amigo Chico Buarque, com quem Gil manteve um grande diálogo. O cantor e compositor surgiu em um vídeo e relembrou o período da ditadura e falou sobre a icônica canção Cálice, assinada por ele e Gil. “Essa música retrata bastante aquele momento político do Brasil e o ‘Cálice’, que é justamente a censura, o ‘Cálice’ do verbo calar. E essa música acabou sendo censurada, a música que falava da censura foi censurada. Começaram a desligar os microfones, desligaram o do Gil, desligaram o meu, foram desligando um a um”, contou Chico.O show emocionou ao mostrar vítimas da ditadura, entre elas, o deputado Rubens Paiva, retratado no sucesso ‘Ainda Estou Aqui’ e o jornalista Vladimir Herzog, que atuou na Bahia. O amigo Caetano Veloso, que assim como Gil, também chegou a ser preso no período do regime militar,  foi lembrado. Como resposta, o anfitrião da festa recebeu dos fãs em coro o pedido: Sem Anistia!Datas da turnê Tempo Rei

|  Foto: Denisse Salazar | Ag. A TARDE

A turnê, que passará por diversas cidades no Brasil e no exterior, promete ser uma grande celebração da música e do legado do cantor e compositor. Mesmo se despedindo das grandes turnês, Gilberto Gil deve seguir ativo na música, participando de projetos pontuais e apresentações especiais.Os fãs que acompanharam o show em Salvador saíram emocionados, cientes de que presenciaram um momento histórico da MPB. Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, Bruno Monteiro, Secretário da Cultura da Bahia, compartilhou sua visão sobre Gilberto Gil e a importância de sua despedida para a cultura brasileira. “Gil é um mestre da nossa música, da nossa cultura. É um Orixá vivo do Brasil e prestigiá-lo é sempre uma alegria, uma emoção”, afirmou Monteiro, destacando a relevância do artista para a história do país.E assim, sob as bênçãos do tempo rei, Gilberto Gil seguiu viagem. Mas sua música, essa nunca se despede. Veja as datas da turnê Tempo Rei:29 de março – Rio de Janeiro – Farmasi Arena (Esgotado)30 de março – Rio de Janeiro – Farmasi Arena (Esgotado)05 de abril – Rio de Janeiro – Farmasi Arena (Data extra)06 de abril – Rio de Janeiro – Farmasi Arena (Data extra)11 de abril – São Paulo – Allianz Parque (Esgotado)12 de abril – São Paulo – Allianz Parque (Esgotado)26 de abril – São Paulo – Allianz Parque (Data extra)31 de maio de 2025 – Rio de Janeiro – Marina da Glória (Data extra)01 de junho de 2025 – Rio de Janeiro – Marina da Glória (Data extra)07 de junho de 2025 – Brasília – Arena BRB Mané Garrincha14 de junho de 2025 – Belo Horizonte – Arena MRV05 de julho de 2025 – Curitiba – Ligga Arena09 de agosto de 2025 – Belém – Estádio Mangueirão06 de setembro de 2025 – Porto Alegre – Beira Rio15 de novembro de 2025 – Fortaleza – Centro de Formação Olímpica (CFO)22 de novembro de 2025 – Recife – Classic Hall

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