Bortoleto saiu de casa aos 12 anos, é fã de tênis e acorda e dorme pensando em Fórmula 1

Gabriel Bortoleto tem um estilo de pilotagem que não destoa de suas características pessoais. Com boa oratória e capacidade de comunicação, conhecimento técnico do carro e vontade de aprender, o brasileiro agrega em seu currículo o que poucos pilotos da sua geração têm. Para chegar à Fórmula 1 não bastam dinheiro e competência na pista, é necessário construir boas relações de bastidores, ter agentes influentes e contar com vozes importantes no meio.A família de Bortoleto está intimamente ligada ao automobilismo. Seu pai, Lincoln Oliveira, é o chefão da Stock Car. O irmão de Gabriel, Enzo, foi o primeiro do núcleo familiar a tentar carreira na velocidade no estrangeiro, mas abriu mão do desejo em prol do dom do irmão mais novo. Campeão das Fórmula 2 e 3 de forma consecutiva, como estreante, e com fortes resultados no kart, o piloto de 20 anos quer repetir a dose na F-1.

Gabriel, chamado pelos mais próximos pelo apelido “Bibi”, nasceu em 14 de outubro de 2004. Sua família vive em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Sua paixão pelo automobilismo vem de pequeno. Ele lembra com cinco ou seis anos de ver suas primeiras corridas de Fórmula 1 no colo de seu pai. Não demorou muito para ele deixar o ninho de casa e desbravar terras europeias.Logo aos 12 anos deixou o Brasil e começou a traçar seu caminho no Velho Continente. Teve amparo na Itália e criou laços com a família di Mauro. Francesco, pai do piloto da Stock Gaetano, recebeu Bortoleto em sua casa e se tornou seu coach de pilotagem. Apesar de enfrentar alguma distância física dos pais, Gabriel sempre teve o apoio e o carinho deles. Esse acompanhamento faz com que o brasileiro possa dizer que “saudade” não faz parte de seu vocabulário.“Muitos pilotos desistem do esporte ou não se desenvolvem pela falta que sentem da família. Como saí muito cedo de casa não senti muito isso. Saí com 12 anos de idade. Minha vida inteira é baseada em corrida. Eu acordo e vou dormir pensando em corrida. Nunca tive tempo na minha cabeça para dizer que sinto falta disso ou daquilo do Brasil. Nasci nesse mundo e tudo foi muito natural”, contou Bortoleto ao Estadão.1Bortoleto: ‘Não vejo a hora de bater roda com Hamilton, Alonso e Verstappen na F1’2Sete anos sem Brasil no grid: F1 assistiu a transformações de público, hegemonias e rivalidades3O que esperar da F1 em 2025? Verstappen desafiado, Hamilton na Ferrari e brasileiro no grid“Sou muito ligado à minha família. Sou grudado com eles. Todo o tempo que tenho livre passo com eles. Para mim, não é fácil, mas sei que tenho um propósito maior, então sinto zero falta disso. Minha família está presente nas minhas corridas e é muito unida, por isso estou sempre tão confortável. Sei que sempre estarão lá, em qualquer momento da minha vida”, completou.Além do suporte emocional, o poder aquisitivo da família é determinante para o sucesso ou fracasso de um piloto de Fórmula 1. Gabriel também contou com a mobilização dos familiares para sustentar sua vida no automobilismo. “Financeiramente, nem se fala. O automobilismo é extremamente caro. Foi um sacrifício muito grande da minha família para conseguir me trazer até a Fórmula 1. Foram muitos momentos de estresse, mas valeu a pena no fim do dia”.“Meu filho (Gabriel Bortoleto) começou com cinco anos. São 15 anos fazendo a mesma coisa, uma faculdade. Agora ele está na Fórmula 1, mas é um caminho muito difícil. Para entrar na Fórmula 1, deve haver um alinhamento de vários fatores”, conta Oliveira à reportagem. “Ser excelente piloto, ter bastante recurso financeiro para suportar a chegada deles até a F-2 – em alguns casos até levar dinheiro para a F-1 – e ter a oportunidade de ter uma vaga entre as 20, sendo que a minoria está disponível. Quando se unem esses fatores, você tem uma chance”.Gabriel diz que respira automobilismo e fica horas e horas no simulador de corridas. É o seu escritório. Essas horas não significam apenas estar em frente à tela e pisando no pedal, incluem estudos das pistas e dos ajustes necessários no carro para melhorar sua performance. View this post on Instagram A post shared by Estadão Esporte (@estadaoesporte)Além da velocidade, Bortoleto também é fã de tênis, de Roger Federer e Carlos Alcaraz. Sua ascensão à Fórmula 1 é acompanhada pelo crescimento de um contemporâneo da modalidade, João Fonseca. Os dois trocam mensagens eventualmente.Nas quadras de tênis, Bortoleto aplaude um espanhol e nas pistas é pupilo de outro. Fernando Alonso e seu estafe, composto por Albert Resclosa Coll e Alberto Fernández Albilares, são os mentores da carreira profissional do brasileiro. O asturiano bicampeão mundial sempre que pode tece elogios a Gabriel, mas agora o terá como adversário dentro das pistas.Gabriel não recusa conselhos, sejam da mãe, Andrea Bortoleto, do irmão, Enzo, da namorada Isabella Bernardini ou dos mais experientes pilotos da Fórmula 1. Tem a seu favor nesta estreia a presença de Nico Hülkenberg, de 37 anos, como companheiro de equipe. Bortoleto não cansa de dizer que esta é uma temporada de adaptação, para ele e para a equipe. Em 2026, a Audi assume o comando total da Sauber e os horizontes prometem ser melhores.Sua estreia em corrida acontece neste fim de semana, no Grande Prêmio da Austrália. Para a temporada, seu número escolhido foi o 5, mesmo que usou em categorias de base e que era de Sebastian Vettel, sua primeira referência de piloto. Em maio, estará em sua pista favorita e mais desafiadora, Ímola. No Brasil, fará sua primeira corrida em 9 de novembro, no Autódromo de Interlagos.

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