Páscoa: chocolate mais caro desafia o bolso do consumidor

O aumento do chocolate impacta também na produção artesanal. Crédito: Arquivo pessoal

O aumento do chocolate impacta também na produção artesanal. Crédito: Arquivo pessoal

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Falta menos de 40 dias para a data comemorativa mais doce do ano, e já tem ‘parreiras’ de ovos de chocolate se formando nos supermercados da região. Ao leite, branco, meio amargo, misto, recheado, grandes e pequenos. Enfim, há inúmeras opções da sobremesa principal da Páscoa. Mas o doce amado por adultos e crianças vem com um preço mais salgado neste ano.

A disparada no último ano nos preços do cacau reflete no produto e influência na produção de empreendedores e na indústria que não conseguiu segurar o reajuste. O aumento no preço do cacau, impulsionado pelo fenômeno El Niño que devastou plantações na África, elevou o valor da tonelada de US$ 2,5 mil em 2023 para US$ 10,5 mil em 2025. O preço do chocolate já subiu 11,99% nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

IMPACTO – Apesar desse aumento, Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Bala (Abicab) anunciou expectativas positivas para a produção de ovos de Páscoa no Brasil. Estima-se uma produção de 45 milhões de ovos de chocolate. E para atender a todos os públicos, as indústrias propõem uma diversificação do pórtfólio para tornar a Páscoa mais inclusiva e acessível. As indústrias planejam disponibilizar 804 produtos, incluindo 94 lançamentos inéditos.

Em um supermercado de Toledo no bairro Jardim Porto Alegre, o gerente do estabelecimento Alexandre Graff conta que a ‘vitrine’ da Páscoa já está montanda, mas os clientes por enquanto só pesquisam os preços e os modelos dos ovos de chocolate. “A compra dos ovos de chocolate vai intensificar no começo de abril e na semana da Páscoa”.

Ele conta que o aumento do chocolate impactou no preço dos produtos de Páscoa. “Percebemos que o preço refletiu nos ovos de chocolate e também um redução na gramagem dos produtos. Ano passado um ovo que pesava 150 gramas chegou neste ano com 120 gramas, o mesmo modelo. As barras e as caixas de chocolate também tiveram impactos”, complementa.

O aumento do principal insumo dos produtos de Páscoa também reflete na produção de quem faz os ovos de chocolate artesanalmente. Sueli Viturino De Andrade trabalha com produção de ovos de Páscoa há quatro anos. Além disso, outras delícias passam pelas suas mãos, como doces, bolos e tortas. Mas é o ovo de colher com recheio de brownie o carro-chefe da sua produção.

Para os trabalhos deste ano, a empreendedora tem um desafio. “O preço do chocolate está caro, tem que pesquisar os valores e ver onde está mais barato comprar o chocolate para fazer as produções”, comenta.

REFLEXO – A empreendedora Rosalva de Fatima Vrubleski Ansolin, também trabalha com produção de doces há três anos, entre eles ovos de colher e os ovos tradicionais. No período na Páscoa é quando a criatividade entra em cena para criar novos produtos que agradam os consumidores e que não pesem no bolso. “Creio que é primordial criar estratégias e planos para a Páscoa que não dependam exclusivamente do cacau. Procurar usar ele em recheios, mini ovos, brownie, pão de mel, entre outros”.

Ela cita que o alto preço das matérias-primas, como o cacau, tem impactado diretamente na produção de ovos de Páscoa, especialmente no mercado artesanal. “Para quem trabalha com produção artesanal, esses aumentos de preço podem ser um desafio, já que muitas vezes é necessário manter um preço competitivo sem comprometer a qualidade do produto”, esclarece a empreendedora.

E para atrair os consumidores sem perder a doçura da Páscoa, Rosalva lembra que a maioria dos confeiteiros está tentando se adaptar ao cenário atual, com algumas estratégias, como a diversificação no uso de ingredientes mais acessíveis ou até a criação de ovos de Páscoa menores e mais econômicos. “É possível produzir ovos de Páscoa com base de bolos ou biscoitos recheado com ganaches, compotas artesanais, biscoito em formato de coelho, cenoura com e sem recheio, entre outros”, conclui.

Da Redação

TOLEDO

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