Defender os interesses nacionais é uma pauta do governo, mas com prudência nas negociações

editorial

A se confirmarem as informações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, repassadas a representantes da indústria do aço, o Governo está correto ao agir com prudência na questão envolvendo os interesses nacionais e a iniciativa dos Estados Unidos de taxar o aço brasileiro, e de outros países como o Canadá e Índia, em 25%, que entrou em vigor nessa quarta-feira. O momento não é para enfrentamento, pois estaria, sim, passando recibo para as ações do dirigente americano.
Ao participar, na última terça-feira, da inauguração do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Híbrida Flex, em Betim – região metropolitana de Belo Horizonte -, o presidente usou de velhas bravatas para dizer, ao seu jeito, que o Brasil não aceita imposições de ninguém. Trata-se, na verdade, de um jogo para plateia, pois foi o próprio Lula, como relatou o ministro da Fazenda, quem teria dito “muita calma nessa hora. Nós já negociamos em condições muito mais desfavoráveis do que essa”.
Os próprios empresários, a despeito de terem pedido providências do governo brasileiro, destacaram a necessidade de se negociar um acordo com os Estados Unidos, pois entendem que a taxação, embora seja um agravante para o setor brasileiro, também prejudica o mercado americano.
Há sentido nessa observação, pois, passada a euforia pelo novo governo e os arroubos de Donald Trump, que até agora tem usado a caneta sem ouvir o Congresso, já há preocupações por causa de suas medidas. Em um mundo globalizado, as relações são elaboradas em torno de mútuo interesse, isto é, no ganha-ganha, algo que Trump quer mudar, voltando seus interesses apenas para o mercado americano.
Líderes do Partido Republicano, mesmo mantendo um silêncio estratégico, já se manifestam nas redes sociais apresentando suas preocupações. Uma parcela expressiva considera que as medidas do presidente são temporárias. Mas só o tempo dirá. O fato é a sinalização de recessão na economia e queda de popularidade nas pesquisas de opinião pública. Pela primeira vez, a maioria dos entrevistados questiona os atos do presidente.
Em pouco mais de um mês, Donald Trump abriu um extenso leque de medidas que, certamente, vão demandar respaldo no Congresso, no qual tem maioria. Mas a própria reação dos outros países pode servir pelo menos como um elemento de contenção, já que num cenário multilateral não dá para jogar sozinho. Ademais, a reação dos parceiros tem sido dura, como foram os casos do Canadá e do México. A China, hoje a maior economia do mundo, já avisou que está disposta a lutar todas as guerras, inclusive a econômica.
O governo brasileiro deve defender o interesse do mercado nacional, mas é importante levar em conta a observação do presidente, sobretudo pelo entendimento de que a corda não ficará esticada por muito tempo.

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