Vereadora denuncia precariedade nas escolas municipais de Mossoró

A educação em Mossoró enfrenta uma crise estrutural e de gestão. A vereadora Marleide Cunha (PT) denunciou que as escolas municipais operam sem infraestrutura adequada, professores estão sobrecarregados e a Prefeitura tem ignorado as reivindicações da categoria. A situação se agravou com a falta de reajuste salarial e a ampliação da carga horária dos docentes sem diálogo com a gestão municipal.

Desde dezembro do ano passado, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró protocolou um ofício com uma pauta de reivindicações, mas, segundo Marleide, a Prefeitura se manteve em completo silêncio. Mesmo após uma paralisação de advertência antes do Carnaval, nenhuma negociação foi aberta. O impasse culminou na decisão da categoria de entrar em greve, que terá início na sexta-feira 14.

A principal demanda dos professores é a reposição do piso salarial, garantido por lei federal. Em 2023, o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) não concedeu o reajuste de 14,95% previsto para o magistério e, agora, em 2025, o mesmo cenário se repete com o percentual de 6,27%. Segundo Marleide, a Prefeitura insiste em divulgar que está aberta ao diálogo, mas não tomou nenhuma iniciativa para negociar com os professores.

Além da questão salarial, a vereadora denunciou a precariedade das escolas municipais. Durante visitas a 12 unidades de ensino, constatou que apenas três possuíam ar-condicionado funcionando. Em outras, os aparelhos estavam instalados, mas desligados porque a rede elétrica não suportava a carga. Reformas recentes já apresentam falhas estruturais, com tetos desabando e banheiros sem descarga.

Outra questão levantada foi o aumento da carga horária dos professores sem suporte adequado. Muitas escolas possuem turmas superlotadas, algumas com 25 alunos, sendo que até seis são autistas e não recebem acompanhamento especializado. Em outras, há salas multisseriadas, onde alunos do 1º ao 5º ano dividem o mesmo espaço, comprometendo o aprendizado.

A vereadora criticou a narrativa do prefeito de que Mossoró é uma “Cidade da Educação”, afirmando que os índices do IDEB caíram e voltaram aos níveis de 2015. Ela apontou que a gestão tem dado ênfase à distribuição de fardamento e tênis, enquanto ignora a infraestrutura precária e a qualidade do ensino.

Marleide também comparou a postura do prefeito com a da governadora Fátima Bezerra (PT) em relação às greves. Segundo ela, apesar do impasse com os professores da rede estadual, o Governo do Estado ao menos abriu diálogo com o sindicato e apresentou uma proposta, enquanto a Prefeitura de Mossoró tem ignorado os professores.

A vereadora concluiu seu posicionamento pedindo que a gestão municipal reveja sua postura antes que a greve comece oficialmente na sexta-feira. Ela cobrou que o prefeito prove que valoriza os professores e cumpra o reajuste determinado pelo Ministério da Educação.

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