Vereadores cobram investigação sobre mortes de bebês em Parnamirim

A morte de mais um bebê na Maternidade Divino Amor, em Parnamirim, reacendeu o debate sobre a qualidade do atendimento na unidade e levantou cobranças por respostas da Secretaria de Saúde. O caso mais recente ocorreu no Dia Internacional da Mulher (8 de março), quando uma gestante que havia recebido alta dias antes retornou à maternidade com dores e descobriu que o bebê estava morto. O episódio reforçou denúncias de negligências médicas e levou a Câmara Municipal a exigir providências.

Nesta terça-feira 11, o vereador Tiago Fernandes (PP) relatou que mães têm procurado os parlamentares para denunciar falhas no atendimento. “Muitas mulheres que passaram por situações parecidas têm nos procurado para relatar casos de erros médicos e descaso. A maternidade está sendo chamada de ‘matadouro’. Isso dói no coração”, afirmou. E citou o caso de uma gestante que, há um ano e meio, teve o intestino perfurado durante uma cesárea e passou por várias cirurgias.

Sobre o caso mais recente, Fernandes destacou falhas graves no acompanhamento da gestante. “Até a última quarta-feira, ela estava internada com perda de líquido e recebeu alta. No sábado, voltou à maternidade com dores e, ao ser examinada, o bebê já estava sem vida. A família pediu o prontuário para entender o que aconteceu, e nós vamos solicitar isso também”.

O vereador Gabriel César (PL) também cobrou respostas. “Esse não é o primeiro caso. Tivemos a morte da pequena Caroline no mês passado, que comoveu toda a cidade. E agora, novamente, um bebê morto. Quantos mais precisam morrer para que medidas sejam tomadas?”, questionou. Ele afirmou que, diante das denúncias recorrentes, protocolou um requerimento para a realização de uma audiência pública, onde espera ouvir explicações da Secretaria de Saúde e da direção da maternidade.

 O vereador Michael Borges (PP) alertou para o impacto das denúncias sobre gestantes que dependem da maternidade para dar à luz. “Imaginem as mulheres que estão acompanhando esse debate, que não têm plano de saúde e vão precisar dessa maternidade. Elas estão apavoradas. Precisamos de respostas”, afirmou.

O vereador Irani Guedes (Republicanos), que já atuou na área da saúde municipal, reconheceu que a unidade sempre foi referência e cobrou providências. “Temos que discutir os protocolos da maternidade e avaliar se há necessidade de mudanças. Não podemos permitir que novas tragédias aconteçam”.

Maternidade enfrenta burocracia nos atendimentos, segundo vereadores

Além das mortes, relatos sobre a burocracia e dificuldades no atendimento também foram citados. Uma gestante grávida do segundo filho precisou fazer um exame de urgência, mas foi impedida por não ter uma cópia de um documento. “A maternidade tem uma estrutura para imprimir documentos, mas ela precisou sair e procurar uma xerox. É assim que uma unidade de saúde deve tratar uma gestante de risco?”, questionou Tiago Fernandes.

Diante da gravidade das denúncias, o presidente da Câmara, César Maia (MDB), anunciou que convocará a direção da maternidade, a Secretaria de Saúde e representantes da Comissão de Saúde para uma reunião emergencial. “A maternidade tem estrutura, tem equipe, tem UTI neonatal. Então, o que está acontecendo? Precisamos entender e agir”, afirmou.

A audiência pública que discutirá o tema deve ser marcada para os próximos dias, e a Câmara promete seguir acompanhando de perto as investigações e cobrar medidas para evitar novas tragédias.

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