Iphan paga R$ 1,3 milhão para empresa escorar e limpar ‘igreja de ouro’ após desabamento


Obras devem começar ainda neste mês. Caso segue sob investigação da Polícia Federal, que ainda não há prazo para conclusão do inquérito. Parte de teto de igreja de ouro desabou
Reprodução
O processo de preparação da Igreja de São Francisco para a restauração, após o desabamento que matou uma turista em Salvador, custará R$ 1,3 milhão. A informação foi divulgada nesta terça-feira (11) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelo pagamento.
Mais conhecida como “igreja de ouro”, a unidade segue interditada mais de um mês após o incidente. O serviço abrirá caminho para que o templo possa ser restaurado posteriormente. O projeto executivo seguirá em elaboração. A ação, que já estava em andamento antes do desabamento custou R$ 1,2 milhão.
A previsão é de que a empresa contratada pelo Iphan após a tragédia comece a trabalhar apenas em dez dias, porém, segundo apurou o g1, representantes já visitaram o local nesta terça-feira. Durante a passagem pela igreja, os responsáveis fizeram medições e iniciaram encaminhamentos para as instalações das estruturas que devem fazer o escoramento do imóvel.
Conforme informou o Iphan, além desse serviço, a empresa deve fazer ainda levantamentos e diagnósticos, a remoção de partes instáveis, a estabilização de partes que sobraram, com o reforço da fixação, a proteção dos elementos artísticos integrados, a revisão e reparo da cobertura, assim como a limpeza e remoção do forro.
O valor total do contrato é de R$ 1.376.750,97. Ele tem vigência de oito meses a partir da assinatura dos envolvidos.
A investigação da Polícia Federal (PF) segue em andamento e ainda não há um prazo para a conclusão, diante da complexidade do caso. Enquanto a igreja segue interditada, as missas que eram realizadas na “igreja de ouro” foram reduzidas e transferidas para a Ordem Terceira, que fica ao lado do templo religioso.
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Projeto de restauração
No dia 13 de fevereiro, o Iphan, que administra a obra sob supervisão do Ministério da Cultura, afirmou que a “igreja de ouro” passará por uma preparação antes de ser reformada. A ação envolve a elaboração do projeto de restauração, que ainda não tem data para ficar pronto.
Com o custo de R$ 1,2 milhão, o documento já tinha sido contratado quando aconteceu o desabamento.
“A igreja vai precisar de escoramento, estabilização e limpeza emergencial, para que depois a gente possa contratar uma obra completa, recuperando não só a estrutura do forro, do telhado, mas também as obras de arte, os bens móveis que estão integrados ali, e aí ela poder ser completamente restaurada”, afirmou o presidente do Iphan, Leandro Grass.
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Teto da Igreja de São Francisco desabou em Salvador e matou a turista Giulia Panchoni Righetto, de Ribeirão Preto (SP)
Defesa Civil de Salvador/Redes Sociais
O valor dos reparos também não foi contabilizado ainda, mas, conforme detalhou Grass, o serviço não será barato. Em entrevista ao g1, o presidente do Iphan ressaltou a importância de apoios financeiros e convocou interessados.
Segundo o representante do órgão federal, esse montante será apontado pelo laudo técnico, já que ele detalha todas as etapas da reforma e quanto cada uma vai custar. Quanto ao prejuízo com o desabamento, para ele, não pode ser apontado em dinheiro.
O Iphan revelou que a igreja recebeu a última vistoria técnica em maio de 2024. Na ocasião, não foram identificados indícios de problemas estruturais que pudessem provocar o desabamento da forração do teto do templo, como aconteceu no dia 5 de fevereiro.
A Polícia Federal (PF) assumiu a investigação integral do desabamento. Antes, a PF dividia as funções com a Polícia Civil da Bahia, que, neste período, ficou responsável por ouvir testemunhas do desabamento.
No entanto, por se tratar de um imóvel tomado pelo Iphan, o trabalho foi concentrado no órgão federal. Com isso, os depoimentos colhidos pela PC foram entregues para a PF, que passou a tocar o caso. O processo de realização da perícia ainda está em andamento.
Sete igrejas interditadas em Salvador
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Salvador
Arquivo pessoal
Além da Igreja de São Francisco, ao menos outras seis igrejas católicas estão interditadas em Salvador. Elas foram fechadas após serem encontradas irregularidades em vistorias conjuntas do Iphan e Defesa Civil da cidade.
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As ações foram intensificadas após o acidente na “igreja de ouro”. Foram fechadas:
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem;
Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat;
Igreja dos Perdões;
Igreja de Nossa Senhora da Ajuda;
Igreja da Ordem Terceira do Carmo;
Igreja de São Miguel.
Segundo o Iphan, as visitas aconteceram de forma preventiva e contaram com apoio de uma força-tarefa com 15 servidores de outros estados. Os dias exatos das visitas nesses locais não foram detalhados.
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Ao todo, a Bahia tem 184 bens tombados pelo órgão, sendo que 51 são igrejas. Delas, 30 estão na capital baiana. Pelo menos 12 já foram vistoriadas e oito precisam de reformas, conforme levantamento da TV Bahia.
Segundo Grass, ainda não há um balanço de todos os problemas encontrados nas igrejas vistoriadas, porém é possível detalhar o que normalmente é encontrado nesses lugares.
Para que as igrejas possam reabrir, é preciso que todas as falhas apontadas na vistoria sejam corrigidas. Tarefa que, segundo o Iphan, é de responsabilidade dos proprietários. Porém, eles podem receber ajuda de custo.
Por fim, Grass ressaltou que, apesar de participar das vistorias, as recomendações de fechamento dos templos e autorização de reabertura são feitas pela Defesa Civil de Salvador (Codesal).
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Salvador
Arquivo pessoal
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