Padilha e Gleisi tomam posse como novos ministros de Lula

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(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva empossou nesta segunda-feira (10) o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que foi realocado da Secretaria das Relações Institucionais. Além dele, Gleisi Hoffmann também foi empossada como ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). A mudança faz parte da reforma ministerial que o chefe do Executivo realiza com foco em frear sua queda de popularidade e preparar a gestão para a reeleição petista em 2026.

A cerimônia de posse, realizada no salão nobre do Palácio do Planalto, contou com a participação de diversos ministros, deputados e senadores, além de outros convidados. O local, reservado para eventos com mais pessoas, ficou lotado.

Padilha voltará a comandar a pasta que chefiou entre 2011 e 2014 durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff. Lula aposta que o traquejo político de Padilha sirva para alavancar os programas da área e melhorar a avaliação da gestão petista. Um de seus principais focos durante à frente da Saúde será fortalecer o Programa Mais Acesso a Especialistas. Ele substitui Nísia Trindade, que comandava a Saúde desde 2023.

Desde o início de seu terceiro mandato, o Ministério da Saúde era visto como uma das principais apostas de Lula para alavancar o governo com programas emblemáticos, como o Farmácia Popular, especialmente fazendo frente à gestão de Jair Bolsonaro, que ficou marcada pelas centenas de milhares de pessoas mortas durante a pandemia da covid-19. Porém, a gestão Nísia foi alvo de diversos ataques, tanto de partidos do Centrão, que tinham interesse em assumir a pasta, quanto de próprios integrantes do governo, que avaliavam sua gestão como abaixo do esperado. A ministra era da cota pessoal de Lula, que a defendeu em diversas ocasiões. Em 25 de fevereiro, no entanto, o presidente anunciou sua demissão.

Assim como Nísia, Padilha também foi alvo de críticas durante a chefia da articulação política e já recebeu ataques do então presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que chamou o ministro de “desafeto pessoal”.

A oficialização das trocas nesta segunda-feira busca mudar o perfil das pastas. Com Padilha na Saúde, Lula aposta em um tom político no ministério que impulsione os programas do governo. A avaliação em Brasília era de que faltava traquejo político para a Nísia administrar os interesses de congressistas sobre a pasta – experiência que Padilha acumula por já ter sido ministro da Saúde e das Relações Institucionais. O Ministério da Saúde é a pasta que mais executa emendas parlamentares, o que faz a estrutura ser desejada pelos principais partidos do Congresso.

Desde que foi anunciado como novo chefe do ministério, Padilha divulga diariamente seu trabalho na transição para a Saúde. Na semana passada, por exemplo, publicou no Instagram: “Estamos preparando tudo para iniciar essa missão à frente do Ministério, em busca do nosso objetivo de reduzir o tempo de espera para atendimento à saúde”.

Formado em Medicina e doutor em Saúde Coletiva, Alexandre Padilha, de 53 anos, é deputado federal licenciado. Desde janeiro de 2023, chefiava a Secretaria de Relações Institucionais, pasta com status de ministério cuja atribuição é a articulação política entre Congresso e Palácio do Planalto.

Antes de chefiar o ministério da Saúde no primeiro governo de Dilma, Padilha havia sido diretor interino da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em 2004, e titular da Secretaria de Relações Institucionais entre 2009 e 2010. Após a gestão Dilma, foi secretário municipal de Saúde da cidade de São Paulo, de 2015 a 2016.

‘Tenho plena consciência do meu papel, que é da articulação política’, diz Gleisi

Gleisi deixa a presidência do PT para assumir o cargo na Esplanada. Com perfil combativo e de fidelidade a Lula, integrantes do governo avaliam que a nova ministra adotará uma postura de governo mais combativa e defensiva em relação à gestão federal, que será caminho considerado essencial para o governo trilhar para 2026. Outro ponto que seu perfil agregará, segundo aliados petistas, é em relação à negociação das emendas parlamentares, pivô da atual crise política entre os Poderes. O impasse das emendas é avaliado como o principal tópico que o ministério terá que enfrentar neste ano.

“Chego para colaborar com todos os ministros e ministras que coordenam suas respectivas áreas, respeitando os espaços e competências de cada um e cada uma, sob a liderança do presidente Lula. Tenho plena consciência do meu papel, que é da articulação política”, disse a ministra.

A ida de Gleisi à SRI enfrentou resistências tanto da oposição como de integrantes da base do governo. Para parlamentares, a postura aguerrida da deputada pode ser um empecilho para o governo ampliar sua base e conquistar votos no Congresso. Na opinião de deputados do Centrão, o ministério das Relações Institucionais deveria ser ocupado por um nome com mais trânsito entre as diferentes forças políticas, o que já não era visto com Padilha, muito menos se daria com Gleisi.

Porém, para interlocutores do Palácio do Planalto, Gleisi deverá amenizar seu perfil, uma vez que estará submetida agora ao chefe do Executivo, e não mais será a presidente do PT. A expectativa de aliados é que a parlamentar passe a evitar críticas que possam prejudicar o governo, mas não deve abandonar sua atividade nas redes sociais em defesa da gestão federal.

Uma das principais preocupações com sua nomeação foi a situação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A nova titular da articulação política é crítica da agenda econômica liderada pelo ministro. Sob o comando da deputada, o PT aprovou em dezembro de 2023 uma resolução que chamou a proposta de contenção de gastos do ministro de “austericídio fiscal”. O documento representou a posição institucional do partido, mas teve o conteúdo endossado por Gleisi.

Apesar disso, integrantes da gestão afirmam que Haddad não está enfraquecido nos olhos de Lula, mas que permanece com força na gestão federal. Com as rusgas entre os dois, interlocutores acreditam que Gleisi deverá obediência ao presidente e, por conta disso, evitará críticas ao ministro. Para o governo, isso seria visto como uma deslealdade.

Natural de Curitiba, Paraná, Gleisi é formada em Direito e iniciou sua trajetória política como militante no movimento estudantil. Em 1989, filiou-se ao PT. Foi eleita senadora em 2010 pelo Paraná e foi ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff. De 2017 a 2025, foi presidente nacional do PT e consolidou-se como uma das figuras mais influentes da legenda.

Antes de presidir o partido, atuou como secretária nos governos petistas de Zeca (PT), no Mato Grosso do Sul, e de Nedson Micheleti (PT), em Londrina. Também integrou a equipe de transição do primeiro governo Lula e assumiu uma diretoria da Itaipu Binacional.

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