Palmeiras x São Paulo: grama sintética, bandeirinha e briga por data acirram rivalidade no Paulistão

Palmeiras e São Paulo se enfrentam nesta segunda-feira, 10, pela semifinal do Campeonato Paulista, no Allianz Parque. Antes mesmo do apito inicial, o clássico acumulou polêmicas ao longo da última semana, desde a definição da data em que a partida seria disputada, passando pela grama sintética e até às possíveis comemorações dos jogadores com a bandeirinha de escanteio – e ameaças de torcidas organizadas.Esta será a terceira vez em cinco anos que as equipes se enfrentam pelo Paulistão. Em 2025, as discussões começaram pela data da partida, definida pela Federação Paulista de Futebol (FPF). O São Paulo entendeu que sairia como prejudicado, já que, inicialmente, a data base para a disputa seria no domingo, 9. Entretanto, um show banda de rock The Offspring no sábado, no Allianz Parque que impossibilitaria a utilização do estádio no fim de semana.1Corinthians: estrangeiros convocados na Data Fifa podem virar problema para final do Paulistão2Neymar vive primeira grande polêmica na volta ao Brasil: lesão, carnaval e eliminação no bancoCom a melhor campanha, o Palmeiras solicitou à FPF a alteração da partida para esta segunda-feira, que gerou revolta aos são-paulinos. “O São Paulo Futebol Clube entende que partidas nobres e decisivas, como as semifinais do Campeonato Paulista, devem ser disputadas nos sábados e domingos. Tal fato causa perplexidade, uma vez que as quatro agremiações de maior torcida vão disputar esta fase, nenhuma partida será realizada no sábado e tal decisão tenha sido tomada anteriormente”, afirmou o clube tricolor por meio de nota.

Luciano ficou conhecido por comemorar chutando a bandeirinha da equipe rival nos clássicos de São Paulo. Foto: Felipe Rau/Estadão

Além disso, a grama do Allianz Parque se tornou um problema. No último mês, Lucas Moura, atacante tricolor, foi um dos líderes do movimento contra a grama sintética no futebol brasileiro, ao lado de Neymar e Thiago Silva. No último confronto com o Palmeiras, foi poupado por Luis Zubeldía e começou entre os reservas. O camisa 7 nunca venceu na casa palmeirense desde seu retorno ao País. “Já falei tudo o que tinha para falar sobre o gramado. A gente fez esse movimento, espero que algum dia dê resultado, mas agora a realidade é que ainda está aí, não tem com fugir disso. É decisão, semifinal, não tem como ficar fora”, disse o atacante, após classificação diante do Novorizontino nas quartas de final. Além de Lucas, Oscar, principal reforço do São Paulo nesta temporada, também foi poupado por Zubeldía no último confronto com o Palmeiras.“Não é a gente contra o Palmeiras, somos contra estádios com grama sintética. É a primeira vez que jogo no gramado sintético. Na Europa, não jogava. Na China, não tinha. Vejo que os jogadores estão sofrendo. Vi os companheiros. O próprio Alisson sofreu com o tornozelo”, disse Oscar, em entrevista coletiva na última semana. Lucas argumentou que, no sintético do Allianz Parque, é “praticado outro esporte”. Além desse fator, atletas defendem que o campo artificial aumenta o risco de lesões – ainda que não haja um estudo que comprove a alegação. Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, afirmou, no entanto, que o sintético é pior “para as articulações”.Chutes na bandeirinhaNa comemoração, o chute na bandeirinha, que jogadores como Luciano e Raphael Veiga realizam, gerou outra discussão antes do clássico. Líderes de torcidas organizadas de Palmeiras e São Paulo se manifestaram nos últimos dias e, antes das semifinais, a FPF enviou ofício aos clubes para que se respeitem em campo, com atenção especial a “símbolos dos clubes, bandeiras ou qualquer outro item presente nos estádios que façam alusão às agremiações rivais”.

Palmeiras ganhou queda de braço contra o São Paulo para receber a partida no Allianz Parque nesta segunda-feira. Foto: Felipe Rau/Estadão

O documento menciona a campanha contra a intolerância “Menos ódio, mais futebol” e não cita as “voadoras” e chutes na bandeira de escanteio, mas foi enviado com a intenção de que os jogadores não comemorem chutando o mastro de canto com o escudo do time rival, celebração que tem se tornado popular no futebol brasileiro. Alfinetadas e veto à sala de imprensaEsta não foi a primeira vez, na história recente, em que Palmeiras e São Paulo entram em conflitos fora do campo. Desde 2023, quando as diretorias mantinham relações cordiais – inclusive com o empréstimo do Allianz Parque e do MorumBis para o rival –, clubes passaram a se provocar fora da disputa esportiva.Em janeiro deste ano, Leila Pereira criticou a decisão dos clubes brasileiros em realizar partidas de pré-temporada fora do Brasil. “Fizemos a nossa pré-temporada aqui em São Paulo. Esse negócio de fazer pré-temporada no exterior é para dirigente passear, porque não tem nenhum benefício para o atleta, não tem benefício financeiro para o clube. Absolutamente nada”, disse a mandatária, em evento no qual apresentou o novo patrocínio máster do Palmeiras – a Sportingbet.O São Paulo foi um dos clubes que disputou a FC Series – antiga Florida Cup – no início deste ano, nos Estados Unidos. Além disso, na última semana, a presidente também ressaltou a receita recorde do Palmeiras em 2024 e alfinetou, mas sem citar diretamente o rival tricolor, as demais equipes. “Gostaria muito de que os clubes brasileiros tivessem a receita que o Palmeiras tem. Gostaria muito que a maioria dos clubes brasileiros tivessem a quantidade de títulos que nós temos. Eu tenho certeza que isso é um motivo de muito orgulho do torcedor do Palmeiras”, afirmou a presidente.

São Paulo criticou espaço reservado à entrevista coletiva de Dorival Júnior, no Allianz Parque, em 2023. Foto: Murillo César Alves/Estadão

Antes disso, em 2023, a diretoria do São Paulo havia se incomodado pelo tratamento que recebera no duelo com o Palmeiras, no Allianz Parque, pelo Campeonato Brasileiro – vitória do time alviverde por 5 a 0. Na ocasião, foi reservado um pequeno espaço, próximo à zona mista, para que Dorival Júnior, então técnico tricolor, realizasse a entrevista coletiva.No ano seguinte, agora pelo Paulistão, o São Paulo reservou um espaço semelhante, pela “reciprocidade”, como argumentou o clube por meio de nota. O Palmeiras, no entanto, se recusou a utilizar o espaço e deixou o MorumBis, após empate por 1 a 1, sem que Abel Ferreira concedesse a entrevista coletiva.“Vale ressaltar que, na última partida disputada no Allianz Parque, o São Paulo precisou realizar a entrevista coletiva em um pequeno espaço anexo à zona mista do estádio, local de passagem de muitas pessoas, que dava acesso ao vestiário dos gandulas, sem direito a fixar adequadamente o backdrop com os patrocinadores”, argumentou o São Paulo à época.

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