Secretário da Fazenda diz que corte de imposto de importação não é bala de prata para baixar preços de alimentos


A inflação dos alimentos é uma das principais preocupações do governo Lula no momento. Vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou redução do imposto de importação para alguns produtos, entre outras ações, mas analistas avaliam que medidas trazem benefícios limitados. Alta do preço dos alimentos é considerado pro analistas um dos principais fatores por trás da queda recente de popularidade do governo Lula
Ricardo Stuckert/PR
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou neste domingo (9) que não existe “bala de prata” quando se trata de preços de alimentos, pois as medidas envolvem produtos e culturas diferentes.
A inflação dos alimentos é uma das principais preocupações do governo Lula no momento, porque tem um grande impacto em como a população enxerga a gestão. Foram realizadas várias reuniões sobre o assunto nas últimas semanas.
“Não existe bala de prata quando se trata de alimentos, cada produto é um produto, cada cultura é uma cultura. Cada um tem uma particularidade. Um está sofrendo com doença, outro com problema climático. Outro tem algum país que é um grande produtor, ou fechou seu mercado, ou sofreu algum problema de produção”, disse Guilherme Mello, em entrevista à GloboNews.
Na última quinta-feira (6), o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou medidas para tentar baratear o preço de alimentos. Entre as medidas estão zerar a tarifa de importação para alguns alimentos, como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva.
Além disso, o governo pretende ampliar o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA), que permite que produtos como leite, mel, ovos e carnes inspecionados em municípios e estados possam ser vendidos em todo o país.
Também quer reforçar os estoques públicos de alimentos básicos para ajudar a segurar a alta de preços em momentos críticos, garantindo oferta e estabilidade, e direcionar os financiamentos do plano safra para a produção de itens que compõem a cesta básica.
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No entanto, especialistas alertam que a estratégia pode ter pouco impacto prático. O professor de Economia da FGV Joelson Sampaio avalia que esse tipo de ação ocorre geralmente em momentos de choque de produção, mas traz benefícios limitados. Além disso, há o risco de que a redução dos impostos não chegue ao consumidor final.
Guilherme Mello, do Ministério da Fazenda, avalia, porém, que o conjunto de medidas “abrangente” que está sendo anunciado pelo governo terá efeito no preço dos alimentos nos próximos meses. Se isso não acontecer, acrescentou ele, o governo pode anunciar novas ações.
“Quando toma medidas, acompanha para ver se estão gerando impacto e, caso não estejam, tem que voltar para a mesa e discutir novas medidas. Isso acontece com preço de alimentos, assim como acontece com temas fiscais”, disse o secretário.
Segundo ele, a redução do imposto de importação para tentar reduzir os preços dos alimentos, que ainda será formalizado nesta semana, deve ter um impacto reduzido no orçamento federal, com uma perda de menos de R$ 500 milhões, em termos de arrecadação, neste ano.
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