Política, futebol, mentiras e discurso de ódio

Percival Puggina, arquiteto e escritor:

 

“Poucas situações tão ridículas quanto o esquerdista radical se apresentar em versão trans, mãos limpas, unhas feitas, voz de monge e vestes alvas, a condenar discursos de ódio e notícias falsas. Sustenta, em tom solene, que a mentira [alheia] põe em risco a democracia e a boa política.

A carreta da história vivida me traz lembranças do bandido Fidel Castro durante visita oficial aos Estados Unidos em 1959, imagem de ‘mocinho’, afirmando à imprensa mundial que o movimento revolucionário cubano não era comunista. Semanas antes, ao entrar vitorioso em Havana, afirmara às mães cubanas que, por sua causa, ‘nunca iriam chorar’. Dias depois, os fuzis começavam a espoucar no ‘paredón’ revolucionário. Fidel e a esquerda pedagógica brasileira, aprenderam de Lênin, Goebbels e Stalin: com a verdade, os totalitarismos não dão um passo. Hoje, mentem para nossos estudantes nas salas de aula do Brasil.

Não quero fulanizar o texto. Mas todos sabem o quanto é incomum encontrar fiapo de verdade em qualquer afirmação que Lula faça. Uma das consequências dessa condição de existência política é a introdução no vocabulário corrente das palavras ‘narrativa’ e ‘fake news’. O relato histórico sempre conviveu com a diversidade de interpretações. Narrativa é outra coisa: é a adulteração do fato. Foi o que Lula, entre afagos, recomendou ao amigo Maduro – lembram? – que criasse a sua ‘narrativa’.

E o venezuelano fez isso mesmo: enfiando a faixa no próprio peito, mentiu que ganhou a eleição perdida. A mentira é frequentadora assídua do embate político. A esquerda, porém, tem nisso uma longa história e disseminada escola. Na prática nacional, o vocábulo ‘fake news’ entrou para o vocabulário brasileiro como forma de criminalizar a mentira (quando não a simples opinião) proveniente da direita porque só a esquerda tem os poderes para oficializar ‘verdades’. Ficou claro, agora?

Não é diferente com o ‘discurso de ódio’. Quanto ódio nasceu do fracionamento social causado pelas políticas e estratégias identitárias abraçadas pela esquerda! E quanta censura foi imposta colando etiquetas sanções de ‘discurso de ódio’ contra meras e legítimas expressões humanas de indignação em relação aos excessos do Estado!

‘E o futebol do título do artigo?’, perguntará o leitor atento. Pois então…

Você já percebeu como são incomuns a mentira e o discurso de ódio no jornalismo futebolístico? Sabe por quê? Porque a comunicação é livre por todos os meios disponíveis, o interesse popular pelos temas é grande, os fatos da bola circulam amplamente e não existe censura nem sigilos de cem anos para preservar mentiras, gerar suspeitas e jogar no acostamento a carreta da história. Pense nisso.

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