Eu Falo por Elas”: MPRS lança campanha de conscientização e enfrentamento à violência contra a mulher

“Uma madrugada eu acordei sendo sacudida pelos braços, berrando que eu tinha traído ele, me apertou e deixou roxa. Ele tinha sonhado isso. As humilhações eram diárias.”

“Ele me deu socos, cabeçadas, eu caí, ele me chutou. O tapete, as paredes, ficou tudo sujo de sangue. Eu não tenho ideia de quanto tempo durou isso, só pensei: vou morrer longe do meu filho.”

“Nós já estamos divorciados, mas ele não me deixa em paz. Me sinto presa numa história que já terminou, mas ele acha que é meu dono. Eu preciso seguir com a minha vida, mas tenho medo. Não posso morrer e deixar a minha filha nas mãos desse homem.”

Esses são trechos de depoimentos reais de mulheres que sofreram violência de gênero. Casos que, infelizmente, se somam a números elevados. De acordo com o Mapa do Feminicídio, produzido pela Polícia Civil, em 2024 foram registrados 72 casos no Estado. Em 2023, haviam sido 85 feminicídios. Em 2022, foram 111 vítimas. Em 84,7% dos casos, o autor foi o companheiro ou ex-companheiro da vítima.

Neste projeto do MPRS, as falas foram gravadas por infuenciadoras digitais (jornalistas, empresárias e ativistas da causa da mulher) e os vídeos farão parte da campanha “Eu Falo por Elas” – Unindo vozes contra a violência de gênero, desenvolvida pelo Gabinete de Comunicação Social (GABCOM) do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), juntamente com o Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (CAOVCM), na qual personalidades femininas emprestam sua força e sua voz para ler relatos reais de mulheres que sofreram violência, ecoando suas histórias e rompendo o ciclo do silêncio.

De acordo com a promotora de Justiça Ivana Battaglin, coordenadora do CAOEVCM, quando uma mulher se encontra aprisionada numa relação abusiva, tem muita dificuldade de falar a respeito, de pedir ajuda. “E mesmo quando elas falam, nem sempre são ouvidas. A campanha, que traz histórias reais de mulheres que foram vítimas das mais variadas formas de violência, busca dar visibilidade a esse fenômeno, assim como incentivar as mulheres a denunciarem e a sociedade a não se calar diante da barbárie. O MPRS é a voz das vítimas”, afirma ela.
“O silêncio nunca pode ser a única resposta. A cada dia, inúmeras mulheres enfrentam a violência dentro de seus próprios lares, vítimas de agressões físicas, psicológicas, sexuais e patrimoniais. Muitas não conseguem ou têm medo de denunciar. Mas nós podemos e devemos falar por elas, esse ó papel da comunicação pública. Com a campanha, o Gabinete de Comunicação Social do MPRS (GABCOM) dá ainda mais visibilidade a atuação institucional para este, que é um dos principais temas estratégicos do Ministério Público”, conta a jornalista Roberta Salinet, coordenadora do Gabcom.

Participam da campanha, as jornalistas, empresárias e influenciadoras digitais Patrícia Parenza, Patrícia Pontalti, Bruna Colossi, Xuxa Pires, Deise Nunes, Valéria Barcellos e Tathiane Araújo.

SERVIÇO

O lançamento da campanha acontece nesta sexta-feira, 7 de março, às 9h, no Palácio do Ministério Público (Praça Marechal Deodoro, 110). O Palácio, que abriga o Memorial do MPRS, fica na esquina da praça da Matriz com a rua Jerônimo Coelho.

BANCO VERMELHO

Na mesma ocasião, acontece a inauguração do Banco Vermelho do Ministério Público, que será pintado por mulheres profissionais de diversas áreas. No MPRS, a iniciativa é do CAOEVCM. “Trata-se de um objeto simbólico que tem o mesmo propósito da campanha: fazer refletir sobre essa violência tão banalizada”, destaca Ivana Battaglin.

A iniciativa dos bancos vermelhos surgiu na Itália, espalhando-se por diversos países. Recentemente, uma lei federal veio dispor sobre a sua utilização também no Brasil. “O MPRS adere à campanha e o banco itinerante será exposto em diversos prédios da instituição, em local de acesso ao público, para que todos sejam convidados não só a sentar, mas a refletir e colaborar na causa do enfrentamento à violência contra a mulher” pontua, por fim, a coordenadora do CAOEVCM.

EXPOSIÇÃO

Ao final do evento, os participantes serão convidados a prestigiar, no Memorial do Ministério Público, a exposição “Meu bem, meu mal – 10 anos de arte sobre violência doméstica”, da artista visual gaúcha Graça Craidy.

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