Caso Crislan: veja o que se sabe sobre criança que morreu queimada em Cajueiro

O Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL) está acompanhando as investigações sobre a morte do menino Crislan Ferreira dos Santos, de apenas três anos. Crislan faleceu após ter cerca de 98% do corpo queimado durante um incêndio dentro da própria casa, na madrugada do último domingo (2), na cidade de Cajueiro, no interior do estado.

Em entrevista ao Fique Alerta, nesta quarta-feira, 5, o promotor de justiça Frederico Alves deu detalhes sobre o que pode ter ocorrido naquela madrugada.

“Informações preliminares repassadas pelo Conselho Tutelar dão conta de que, na madrugada de sábado para domingo, houve o incêndio na casa de uma família hipervulnerável socialmente. E que três crianças teriam conseguido se evadir do local e uma teria saído queimada. O MP vem acompanhando. É o momento da gente acolher essa família. A responsabilização penal acontecerá após a colheita de elementos informativos pela Polícia Civil”.

No momento das chamas, Crislan e três primos, de 6, 7 e 9 anos, estavam dormindo. De acordo com a conselheira tutelar que acompanha o caso, não havia nenhum responsável na casa.

“Informações preliminares dão conta de que a mãe teria saído do local, ido participar do Carnaval na cidade de Cajueiro, e as crianças teriam ficado sob os cuidados da avó. E a avó teria saído por poucos minutos. Após regressar para a casa, a residência já estava pegando fogo. Mais uma vez eu falo: a Polícia Civil vai fazer as oitivas dos vizinhos, das testemunhas, dos parentes, para a gente tentar chegar o mais próximo possível do que de fato aconteceu”, disse o promotor.

Frederico Alves também revelou qual é a suspeita de como as chamas teriam começado na residência.

“Sim, indícios segundo informações preliminares do Conselho Tutelar indicam que o incêndio pode ter sido ocasionado por um celular que ficou carregando. A instalação elétrica da casa também estaria comprometida. De todo modo, o laudo da Polícia Científica e do Corpo de Bombeiros vai apontar o que ocorreu”.

A Polícia Civil está investigando o caso e, segundo o promotor, o delegado Rodrigo Sarmento será o responsável por presidir o inquérito.

“É uma família, inclusive, que a rede de proteção integral à criança e ao adolescente já teve notícias dessa família. É uma família que é acompanhada por volta e meia pelas estruturas de assistências sociais do município. Já temos esse conhecimento. Obviamente vamos nos colocar na posição dessa família, enxergar a visão de mundo que eles têm, mas não podemos nos furtar de averiguar o que de fato aconteceu e se há responsabilização penal”, concluiu o promotor Frederico Alves.

O incêndio e a tentativa de socorro – As chamas tomaram conta da casa por volta das 2h do domingo (2). O fogo foi controlado por vizinhos, que utilizaram baldes de água. A causa do incêndio ainda não foi divulgada.

Crislan foi encontrado com 98% do corpo carbonizado. Devido a gravidade, uma vizinha não esperou a chegada do socorro e levou o pequeno, de moto, até uma unidade de saúde do município.

Quando foi levado para a sala de estabilização do hospital, o menor reclamou de fortes dores. Ele saiu entubado para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu.

Crianças sozinhas em casa – A mãe, a avó e a irmã da genitora — mãe dos primos de Crislan, que também estavam na casa — receberam uma medida de advertência.

O Conselho Tutelar pediu, ainda, medidas de urgência à Justiça e aos órgãos competentes para que, na existência de um culpado, que este seja punido.

“Há divergências de falas. A mãe disse que foi para o Carnaval e deixou a criança sob a responsabilidade da mãe [a avó]. Outra hora, a mãe fala que não permitiu que ela fosse: “Foi porque quis, eu não deixei ela ir”, disse Gilmara dos Santos, conselheira tutelar.

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