Tesla enfrenta protestos nos EUA e tem loja incendiada na França

Tesla enfrenta protestos nos EUA e tem loja incendiada na França

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MIKE STEWART/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A Tesla enfrentou protestos em dois países por diferentes motivos nos últimos dias. Nos EUA, ao menos 90 lojas e estações de carregamento da montadora foram alvos de manifestações no último sábado (1º). Três dias depois, uma concessionária foi atacada e teve 12 carros queimados em um incêndio na França.Nos EUA, o protesto foi marcado para contestar as medidas adotadas pelo dono da Tesla, Elon Musk, para reduzir a força de trabalho do governo federal em nome do presidente Donald Trump.Manifestantes se reuniram em showrooms da Tesla em cidades como Nova York, Boston, San Francisco e Tucson, para cantar e agitar cartazes, de acordo com reportagens e eventos registrados através da Action Network, uma plataforma para organizar causas de esquerda.Pelo menos nove pessoas foram presas fora de um showroom da Tesla em Nova York durante um protesto que reuniu cerca de 300 pessoas, segundo a agência de notícias Associated Press.Os protestos, organizados sob o slogan “Tesla Takedown”, incentivam acionistas e proprietários de veículos a se desfazerem de suas ações e carros e pedem que outros exerçam pressão pública para atenuar as ações de Musk como o líder de fato do Doge (Departamento de Eficiência Governamental) nos EUA.A socióloga Joan Donovan, professora de jornalismo e estudos de mídia de massa na Universidade de Boston, tida como uma das organizadoras dos atos, disse que foi inspirada por residentes em Waterville, Maine, que protestaram em uma estação de carregamento da Tesla.O que começou com Donovan e cerca de 50 pessoas reunidas fora de uma loja da Tesla em Boston no mês passado cresceu semanalmente para abranger dezenas de cidades e milhares de participantes, afirmou. “Este sábado foi de longe o maior. Tivemos pelo menos 300 pessoas, incluindo uma banda de metais de 15 pessoas”, comentou Donovan sobre o protesto de sábado no lado de fora de um showroom da Tesla em Boston.Em todo o país, a atmosfera era uma mistura de festa e raiva: as prisões em Nova York incluíram manifestantes que entraram no showroom da Tesla, enquanto pelo menos 150 pessoas se alinharam fora de uma loja da Tesla em Jacksonville, Flórida, segurando cartazes pedindo aos motoristas que passavam para “Buzinar Pela Regra da Lei” e exibindo imagens de um desenho animado do Tesla Cybertruck em chamas, de acordo com o Florida Times-Union.”Os protestos não impedirão o presidente Trump e Elon Musk de cumprir a promessa de estabelecer o Doge e tornar nosso governo federal mais eficiente e mais responsável perante os contribuintes americanos trabalhadores em todo o país”, disse o secretário de imprensa adjunto Harrison Fields em um e-mail.Os representantes da Tesla não responderam imediatamente ao pedido de comentário.Os protestos ocorrem enquanto um movimento para resistir às políticas da administração Trump lentamente ganha força mais de seis semanas após o início do governo, que inaugurou a influência rapidamente crescente de Musk sobre o governo federal.Os preços das ações da Tesla caíram em um terço desde a posse de Trump, embora permaneçam mais altos do que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Nasdaq.As ações de Musk no Doge, seus comentários depreciativos sobre pessoas que usam benefícios federais e um gesto que muitos interpretaram como uma saudação nazista deixaram alguns clientes outrora leais da Tesla com arrependimento de compra.Motoristas da Tesla em Washington viram seus veículos serem vandalizados, enquanto outros procuraram se distanciar da marca adicionando adesivos anti-Musk nos para-choques -ou vendendo seus carros.As preocupações sobre como o comportamento de Musk reflete sobre aqueles na órbita da Tesla não se limitam apenas aos seus clientes: acionistas e funcionários estão preocupados que Musk esteja destruindo a missão de sustentabilidade de longa data da empresa e causando danos a longo prazo à marca.”Para Musk, a única maneira de se comunicar com ele é atingir o seu bolso”, disse Donovan, a organizadora do protesto. “Não podemos votá-lo para fora porque não o elegemos.”O que os protestos deixaram claro para Donovan nas últimas semanas é a amplitude da insatisfação com o Dogw. Pessoas de várias gerações têm se manifestado, disse ela, após saberem sobre as manifestações no jornal local, no Reddit ou no Bluesky, uma rede social rival do X (antigo Twitter), de propriedade de Musk.”Musk parece não perceber que ninguém mais está se satisfazendo com a miséria de uma força de trabalho demitida”, disse Donovan.Julie DeLaurier, que estava entre os manifestantes presos em Nova York no sábado, afirmou que os protestos do Tesla Takedown têm sido um ponto de encontro para pessoas de diferentes gerações e linhas ideológicas.Acusada de invadir o showroom da Tesla, Julie criticou Musk por impulsionar a desigualdade de riqueza e a desinformação. “Sou uma patriota. Amo a promessa deste país”, disse DeLaurier. Ela vê essa promessa como estando sob ameaça urgente por Musk e Trump e espera que os protestos possam ser uma maneira de construir uma coalizão com “MAGAs desiludidos”, disse ela sobre os apoiadores de Trump.”Eles foram enganados”, disse DeLaurier. “Foram trapaceados, e agora estão sendo explorados por suas vidas.”ATAQUE NA FRANÇAUm dia após os atos nos Estados Unidos, a Tesla enfrentou problemas na França. Doze veículos foram incendiados na noite de domingo (2) nas imediações de Toulouse, no sul da França, em uma ação intencional, segundo a promotoria de Toulouse.”(Há) vários indícios de incêndios deliberados”, destacou a promotoria. Uma fonte informou que oito carros foram totalmente destruídos e outros quatro tiveram avarias parciais.Nesta terça-feira (4), um grupo anarquista reivindicou a autoria do incêndio. O grupo postou uma mensagem em uma plataforma de ultraesquerda sob o título “saudação incendiária à Tesla”.”Incendiamos veículos dentro das instalações com a ajuda de dois galões de gasolina”, informou o grupo no site Iaata.info (Informações antiautoritárias de Toulouse e arredores). “Enquanto as elites multiplicam as saudações nazistas, decidimos saudar uma concessionária Tesla à nossa maneira”, escrevem os autores.Contatada pela AFP, a plataforma não respondeu até o início da tarde desta terça-feira.Durante a posse de Donald Trump em janeiro passado, Elon Musk, o bilionário proprietário da Tesla, bateu no peito com a mão direita e depois estendeu o braço com a palma da mão aberta. Ele então repetiu o gesto, voltando-se para a multidão atrás dele, antes de declarar: “Meu coração está com vocês”.Apelos para atacar a Tesla, incluindo incêndios criminosos voluntários, estão sendo espalhados por várias plataformas de inspiração anarquista de língua francesa.Em Lyon, após uma convocação para incendiar concessionárias da Tesla na semana passada pelo Rebellyon.info, um site de notícias local próximo à ultraesquerda, o gabinete do promotor público anunciou à AFP nesta terça-feira que havia aberto uma investigação por “provocação pública direta não seguida de efeito para cometer um crime ou ofensa”.

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