Carnaval, política e cinema se misturam na Mudança do Garcia

Com 95 anos de existência, a Mudança do Garcia está marcada no imaginário dos foliões como um dos blocos mais políticos do carnaval de Salvador.

|  Foto: Shirley Stolze/Ag A TARDE

Não por acaso, não é difícil encontrar pessoas expondo as suas mais variadas mensagens de protesto durante o tradicional desfile, que começa no final de linha do Garcia e segue até o Campo Grande.Mas esse ano houve um fator que deu maior dinamismo ainda às manifestações no Circuito Riachão: a consagração do longa “Ainda estou aqui” no Oscar, vencedor inédito da categoria “Melhor Filme Internacional”. Pela ambientação da obra ser o regime militar no Brasil (1964-1985), a política é um tema fundamental para o filme — assim como é para o bloco, segundo alguns dos seus participantes.

|  Foto: Shirley Stolze/Ag A TARDE

Vestida com a camisa escrita “A vida presta”, em referência ao bordão popularizado por Fernanda Torres, protagonista de “Ainda estou aqui”, a turista Taiane Vasconcelos, de 48 anos, estava animada com a festa. A advogada deu entrevista ao A TARDE e explicou o que a motivou a escolher essa roupa para o desfile.“Meu protesto de hoje é para avisar que eu ainda estou aqui [em referência ao filme do Walter Salles] pela luta pelas minorias, pelo povo oprimido, justamente contra o que defendia a gestão anterior do governo federal. Ainda estou aqui pela não volta do que passamos por quatro anos”, disse.

|  Foto: Patrick Levi/Ag A TARDE

Quem também optou por utilizar o filme para se manifestar politicamente foi Márcia Silva, que veio de Bangu, no Rio de Janeiro, e esteve pela primeira vez na Mudança do Garcia. A turista de 59 anos estava com um cartaz escrito “Nós vamos sorrir, sim” no peito, marcante frase dita por Eunice Paiva (Fernanda Torres) no longa.”Estou aqui em homenagem ao meu pai e minha mãe, que faleceram no ano passado. Eles viveram esse inferno de ditadura. Queria que eles estivessem aqui [no bloco] para ver que alguma coisa está sendo feita e a luta que eles tiveram está dando resultado. Não importa quem vai colher os frutos, o que importa é que a gente semeie e plante”, comentou Márcia.

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