Número de pessoas racializadas com ensino superior em Marabá cresce 20 vezes

Quando o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi realizado, em 2000, Marabá tinha apenas 732 pessoas negras e pardas com ensino superior completo entre os moradores com mais de 25 anos. Em 2010, esse número saltou para 3.751 e, em 2022, chegou a 14.264. Ou seja, em duas décadas, o crescimento foi de impressionantes 1.949%.
Em 2000, a cidade contava com 67.086 habitantes acima dos 25 anos, dos quais apenas 2% haviam concluído a graduação. Entre esses 1.559 graduados, 47% (ou 732 pessoas) eram pretas e pardas. Já a população total de pretos e pardos nessa faixa etária era de 49.420 indivíduos, mas apenas 1,5% desse grupo tinha diploma superior.
O Censo de 2010 revelou um cenário diferente. O número de graduados acima de 25 anos em Marabá subiu para 6.003, enquanto a população total nessa faixa etária aumentou 66%, chegando a 111.167 pessoas.
Desse total, 85.338 se identificavam como pretos ou pardos, representando 77% da população adulta da cidade. No entanto, apenas 3.751 dessas pessoas tinham ensino superior, o que correspondia a 4% do grupo racializado e 62% do total de graduados no município.
Em 2022, os dados mostram uma transformação ainda maior. Dos 20.183 marabaenses acima de 25 anos com diploma universitário, 71% (14.264 pessoas) eram negras ou pardas. Esse número representa um aumento de 1.949% em relação ao ano 2000. No mesmo período, o total de pretos e pardos acima dos 25 anos chegou a 122.576, sendo que 12% desse grupo conseguiu concluir uma graduação.
Fatores que impulsionaram o acesso ao ensino superior
A análise dos dados revela que, em 2010 e 2022, a maioria dos graduados em Marabá era composta por pessoas negras e pardas. Esse avanço pode ser explicado por diversas políticas educacionais implementadas nas últimas duas décadas.
Em 2004, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi criado o Programa Universidade para Todos (Prouni), que ampliou o acesso ao ensino superior para estudantes de baixa renda, incluindo a população racializada. Desde sua criação, o programa já beneficiou 3,4 milhões de estudantes em todo o Brasil, segundo dados do Ministério da Educação divulgados em janeiro de 2025.
Outro fator decisivo foi a fundação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) em 2013, com sede em Marabá. A instituição oferece 27 cursos de graduação, permitindo que mais marabaenses tenham acesso ao ensino superior sem precisar deixar a cidade.
Além disso, o crescimento da oferta de cursos superiores na modalidade de ensino a distância também democratizou o acesso à graduação. Com mensalidades acessíveis – algumas em torno de R$ 100 para cursos reconhecidos pelo MEC –, essa modalidade se tornou uma alternativa viável para muitos estudantes da região. (Luciana Araújo)

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