O duelo dos brasis

Enquanto parlamentares articulam-se para enrijecer as leis de restrição a letras de músicas por eles tipificadas como “apologia ao crime e às drogas”, a turma moderada tenta respirar fundo para resistir aos ataques.O estopim acendeu na mão do músico Oruam (Mauro ao contrário), filho de Marcinho VP, tido como um dos líderes do Comando Vermelho e talvez por isso inspire o rapper a refletir nas letras o seu drama pessoal.O enredo atiçou a vereadora da capital paulista Amanda Vettorazzo, mobilizando recursos em campanha nacional para inibir o artista. Já está em curso campanha para esvaziar o financiamento público de produções culturais, de acordo com as prerrogativas previstas, mas não se deve descartar o oportunismo pelo viés da discriminação.Embora tenha mobilizado argumentos contra e a favor de um projeto de lei, contribuindo para o fortalecimento do necessário debate acere do cumprimento de leis que impõem restrições ao uso de recursos públicos para contratar artistas cujas músicas promovam violência, discriminação ou incentivo a atividades ilícitas, o argumento do tipo falacioso vem sendo repetido pela facção conservadora.É mais um de um sem-número de episódios nos quais os extremistas utilizam-se dos instrumentos e dos cânones dos regimes das liberdades para exibir incompreensões de perfil persecutório.Exceto quando a humanidade alcançar um estágio de convívio capaz de dispensar leis e aparelhos repressivos, por ora é preciso seguir os trâmites do Estado de direito.Uma variável importante é o fato de os biltres aprenderem com os presidiários as lições de como lidar com as leis, tendo ainda a seu favor a impossibilidade de se saber quais as suas verdadeiras intenções.A questão salta aos olhos às entranhas de dois brasis: aquele indignado, mobilizando a cidadania e os poderes; e um outro, sempre à espreita, de braços com o atraso na formulação das ideias trôpegas.
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