Marca Lura leva moda para passarela no Museu da Rampa

Às margens do rio Potengi, a vida cresce em torno da pesca, assim como da culinária. Marco da alimentação natalense e prato que não pode deixar de ser provado pelos turistas que buscam conhecer a capital potiguar, a ginga com tapioca é mais um acerto culinário do Rio Grande do Norte.

Mas não só de alimentação a ginga com tapioca é conhecida. Um dos principais símbolos do estado chega ao espaço artístico das passarelas. Em um pôr do sol de se invejar e um espaço marcado historicamente pela importância de Natal para a Segunda Guerra Mundial, a ginga com tapioca se fez presente no Complexo Cultural da Rampa, localizado no bairro de Santos Reis, na última terça-feira 27.

A marca de roupas Lura, fundada em agosto de 2023, fez seu primeiro desfile com as novas peças produzidas para a coleção Spring Summer 23: G&T – Ginga e Tapioca. Antes do show começar, o aperitivo foi servido aos convidados como forma de imersão na culinária local e um spoiler do que estava por vir na passarela.

Segundo os fundadores da marca, Iran Honório e Lucas Medeiros, a chegada da ginga com tapioca para a marca foi na intenção de desvincular o estereótipo do Rio Grande do Norte e, consequentemente, do Nordeste.

“A gente veio exatamente para passar a expressão Lura do que é ter esse orgulho nordestino e o que é ser a moda nordestina em si. Ela vem muito mais sobre tirar tudo aquilo que a gente já entendia como pejorativo, inclusive o couro, essa pegada muito mais beachwear. A gente veio mesclando exatamente com essa ginga com tapioca para não ficar tão mais do mesmo, digamos assim”, diz Iran.

Com peças todas produzidas em território potiguar, os fundadores reafirmam a importância da marca seguir com a produção local para as coleções futuras, mesmo que algumas referências venham de outros estados e regiões do país. Dessa forma, os dois apresentam não só as confecções, mas também a equipe majoritariamente formada por potiguares e alguns modelos da cidade do Recife, em Pernambuco.

Completando o time à frente da coleção, estão Brunna Vinni e Gustavo Adrio, diretores criativos da Lura. Como forma de trazer representatividade e dar destaque à moda local, Brunna aborda que a marca sempre busca trazer a questão principalmente para os profissionais.

Gustavo Adrio e Brunna Vinni, diretores criativos da Lura - Foto: José Aldenir/Agora RN
Gustavo Adrio e Brunna Vinni, diretores criativos da Lura – Foto: José Aldenir/Agora RN

“Desde a nossa direção de style, direção de passarela, diretores criativos, costureiras, a gente visa muito pessoas que casem com o que a gente acredita enquanto marca, porque a gente entende também que essa possibilidade de fazer moda ainda não é acessível para todas as pessoas. Então, a gente busca trazer essa representatividade para além do público que a gente busca nichar, mas pra dentro da marca”, afirma.

E continua: “Essa representatividade é muito mais sobre uma ocupação profissional de qualidade, de excelência, do que de fato precisar estar aqui para preencher alguma tabela ou algo do tipo. É muito mais sobre celebrar quem nós somos e transformar isso em trabalho, em arte”.

Consequentemente, relatam os diretores, a visão de representatividade e valorização refletem diretamente nas produções das roupas, com estudos de modelagem que sirvam para diferentes corpos e que não se prendam às limitações que o mercado oferece. “Que tenha toda essa pluralidade, não só como na equipe, mas como nas peças e no design estético, que é o fundamento da marca”.

Sobre o cenário da moda e cultural em Natal, Gustavo e Brunna falam sobre o crescimento, mesmo que aos poucos, de novas marcas e artistas atrelados ao investimento de políticas públicas. “Esse próprio desfile só está acontecendo por uma política pública. Foi aprovado no edital de Lei Paulo Gustavo. Então, é uma cena cultural com muitos talentos e muitas pedras prontas para serem lapidadas e prontas para serem expostas”, aponta Brunna.

Uma das bandeiras levantadas pela Lura é a de sustentabilidade. Para Gustavo, esse ponto pode ser abordado de forma ampla, desde a escolha dos profissionais, até a escolha dos tecidos e o impacto da produção no meio ambiente. “Eu acho que a base de uma marca tem que ser isso, tem que ser estudada e respeitada em todos os quesitos, na hora do estudo da modelagem, do tecido, da pessoa que vai produzir, até chegar no modelo e chegar no produto final, sabe? A loja tem que ter todo esse cuidado”.

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