Rei Momo e Rainha do Carnaval de Natal querem “trazer alegria”

O Rei Momo e a Rainha do Carnaval de Natal em 2025, Ottis Ferreira e Chimene Nunes, respectivamente, são artistas múltiplos e apaixonados pelos festejos. A chave da cidade foi entregue aos potiguares nesta quinta-feira (27), na abertura oficial do evento, pelo prefeito Paulinho Freire (União).

A coroação ocorreu por meio de concurso promovido pela Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte) no dia 18 de fevereiro deste ano, mas não foi a primeira vez que os dois ocuparam o posto: Chimene, 42, já foi Rainha do Carnaval na capital potiguar, em 2013; e Ottis, 26, foi Rei Momo do Carnaval de Parnamirim em 2024, na Grande Natal.

A sintonia entre os dois pode até sugerir que se conhecem e são íntimos há anos, mas não é o caso. Ottis diz que já conhecia a trajetória musical de Chimene, mas eles só começaram a se aproximar durante este reinado momesco.

Conhecendo os dois, é possível perceber suas semelhanças e suas singelas diferenças. Ambos são artistas desde a infância e têm famílias que os apoiam, mas só Chimene vem de uma família de artistas, por exemplo. Ela canta; ele não se arrisca a tanto. Já ele sabe fazer maquiagens artísticas, enquanto a rainha recebe ajuda para se produzir.

Para este reinado, os dois coincidem na resposta à questão: qual você acredita que seja a sua missão neste carnaval? 

“Minha missão é trazer muita alegria. Muita alegria, muita energia, muita música. Nos palcos em que eu passar, eu vou mostrar para todo mundo que eu sou uma artista completa”, diz Chimene.

Já Ottis frisa:

“Minha missão é garantir que a nossa cultura, o nosso carnaval, nunca fique apagado. É levar sempre ao nosso povo a alegria, e não permitir que o desrespeito e que os descompromissos aconteçam”.

O reinado vai além dos dias de Carnaval, que segue até a quarta-feira de cinzas (5 de março). Os artistas devem fazer presenças durante o ano relembrando a festa momesca. Ainda na próxima semana, em 08 de março, irão participar dos desfiles de escolas de samba em Natal. Completando o trio momesco, o corneteiro Ismael Edylânio veio de Cruzeta, no Seridó potiguar.

“Nasci na folia”

O carnaval faz parte da vida de Ottis Ferreira desde o primeiro dia, em 15 de fevereiro de 1999, segunda-feira de carnaval. “Eu nasci na folia. Meu irmão mais velho, que hoje tem 35, 36, por aí, teve que pedir espaço no meio dos foliões para que a ambulância que estava com minha mãe dentro passasse”, conta o Rei Momo.

Para ele, aquele foi seu primeiro “grande desfile”. “E desde criança eu tenho contato com a arte, com dança, teatro e música”. Ottis cresceu na Associação Ítalo-Brasileira Barra do Cunhaú Amizade e Solidariedade, uma instituição filantrópica.

Segundo Ottis, nesse espaço ele recebia oficinas de artes e convivia com a comunidade. A dança começou aos seus 2 anos de idade. Aos 13, ele já foi convidado para substituir o professor. O talento continuou, foi aprimorado e perdura até hoje. Ottis não consegue escolher um ritmo favorito entre tantos que já dançou. 

“Sempre tive talento, sempre participei de quadrilhas juninas, banda marcial de 7 de setembro… Sempre dancei. Os espetáculos de fim de ano sempre foram minha paixão”, afirma.

A partir da adolescência, o bailarino nunca deixou de trabalhar ensinando dança, além de ensinar em oficinas de teatro, academias e em projetos como coreógrafo. Além disso, é professor de inglês para crianças e recreador infantil. “Me considero um artista polivalente”.

“O que mais paga as minhas contas, eu gostaria que fossem as aparições artísticas em palco, mas hoje eu tenho trabalho efetivo na escola, como professor de inglês”, explica.

Mas ele é mais conhecido pelo título de dançarino. Após o reinado em Parnamirim, ele migrou há quase um ano para Natal e está empolgado em cumprir sua missão. 

“É uma experiência incrível. Eu já esperava, porque Deus conversa comigo sempre, e eu converso com ele, eu busco a fé em todos os momentos. Eu pedi muito a Deus que me proporcionasse este momento; era algo que eu, de fato, queria viver”, conta.

Ottis diz que admira a história das pessoas que nasceram em berço artístico, o que não foi o seu caso. Contudo, garante que o orgulho de sua família é muito expressivo quando ele aparece na imprensa e participa de grandes projetos.

O Rei Momo está na composição dos balés de Xand Avião, Beto Barbosa e Circuito Musical. Além disso, integra o espetáculo “Ritmo Quente”, que se apresentou em Natal em 2023 e planeja um retorno. 

“Sambava, mas com toda a classe”

“O carnaval surgiu na minha vida porque eu dancei na Nis [uma casa de shows em Natal]. A maioria das coreografias eram samba, muito samba”, conta Chimene Nunes. Por ter bastante samba no pé, ela foi escalada pelo coreógrafo para ficar junto com as dançarinas do Rio de Janeiro: “Sambava, mas com toda a classe”. 

Chimene vem de uma família artística e circense, com a qual praticava contorcionismo e participava de eventos com palhaços. Até hoje, a família continua ativa nesse segmento. A potiguar dança, canta e retorna ao posto de Rainha do Carnaval 12 anos após a última coroação, e após ter ficado em segundo lugar nos anos de 2015 e 2024.

Para Chimente, voltar ao cargo “é incrível” e é resultado de uma boa preparação. “Sou rainha para sambar e para cantar, para mostrar a minha arte completa para todo mundo. Trazer muita alegria”.

A música surgiu como um dom: “Sou muito privilegiada, porque eu sei cantar, sei dançar, sou atriz. Comecei nas bandas, dançando. Aí, fui pros Astrais [casa de show], onde dançava também”. Lá, mais uma vez seu talento foi reconhecido e ela substituiu uma cantora. Integrou de algumas bandas e segue carreira solo, cantando em barzinhos. A arte sempre pagou suas contas, pontua a natalense.

Mostrando uma tatuagem de bota que remete à cantora Joelma, ela diz que os amigos e os fãs gostam que ela cante no ritmo Calypso, celebrizado pela paraense. “Como eu faço uma performance igual à Joelma, é um ponto muito especial”, conta a Rainha do Carnaval, que já conheceu a ídola de perto.

Por fim, a Rainha do Carnaval e o Rei Momo celebram o carnaval e desejam que Natal se destaque e seja reconhecido como uma potência do evento. Ottis espera que mais turistas frequentem a cidade e conheçam seus festejos. Chimene, que já conheceu outros carnavais como cantora, celebra a arte e se dedica a ela.

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