‘Segundos excertos’: Noah Mancini escreve contos que partem do cotidiano para o absurdo

segundos excertos noah mancini

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‘A nossa capacidade imaginativa e o nosso poder de criação são estratégias de lidar com as coisas do mundo’, afirma Noah Mancini (Foto: Divulgação)

Noah Mancini se volta para os contos mais uma vez, com o livro “Segundos excertos”, que  já está em pré-venda na Editora Mondru e deve chegar aos leitores em abril. A obra continua o trabalho do escritor e artista plástico de Juiz de Fora de olhar para o cotidiano, ao mesmo tempo que aproveita “os atravessamentos do corpo” para partir com essas histórias para o absurdo e para a fantasia. Nessa experiência, que mistura as pequenas narrativas com ilustrações feitas com base em fotos capturadas pelo autor, ele transita entre o real e o alucinante para criar obras que também dialogam com a forma, o texto e a imagem. O livro conta ainda com orelha de Ricardo Nolasco e revisão de Francisco da Silveira.

As quase quarenta narrativas reunidas na obra foram escritas entre 2023 e 2024, se aprofundando no processo do escritor e no que chama de “estudos” desenvolvidos no primeiro livro, “Excertos“, lançado pela editora Caravana. “É um processo em que vou aprofundando a investigação da minha escrita e de alguns temas que continuam e se transformam”, conta. Na época do lançamento, ele já entendia que era preciso se lançar e deixar que a obra fale por si mesma – um processo que foi se tornando mais intenso.

Essa inspiração do cotidiano continuou acompanhando o escritor, seja no momento de sair do seu serviço e voltar pra casa, ou quando observou algo durante um passeio com uma amiga. “Parto desses signos para o devaneio e para o absurdo.” São fragmentos e reflexões que se dissolvem e se tornam irreais. “Sempre penso em como a experiência me tocou sensivelmente, tão sensivelmente que consegui criar outra atmosfera, um outro nível e uma outra órbita de realidade. São acontecimentos que, no princípio, não dá para imaginar que virariam o que viraram, que extrapolariam essa nossa compreensão do mundo real”. Esse devaneio, como entende, não precisa de explicações exatas ou de esclarecimentos exagerados, mas, sim, de um sentir e de um envolvimento.

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Fluxos de pensamento e de transformações

Esse processo de escrita é acompanhado pelas ilustrações feitas de decalques fotográficos em grafite, assim como também foi feito no seu primeiro trabalho de contos. Na primeira obra, esse trabalho foi baseado em fotografias de outras pessoas e de familiares, mas na segunda obra ele quis que as fotos fossem feitas durante suas andanças e derivas pela cidade. “Capturei essas imagens com o meu celular, nessa observância de detalhes, às vezes da rua ou de estabelecimentos. Eram formas de fazer um diário de bordo-afeto-fotográfico dessa vida que corre dia após dia”, diz.

Juiz de Fora, então, se torna palco para essas reflexões, que aparecem também a partir de detalhes bastante pequenos, mas que ao seu olhar tomam máxima importância. “É um estado de subjetividade”, como explica, mesmo em relação a esses signos bastante concretos.

Confira algumas ilustrações de ‘Segundos excertos’

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(Foto: Reprodução)

Novos cenários

Fabular sobre esses novos mundos a partir do que vive, para ele, se tornou também um “jeito lúdico de olhar pra vida” e até uma forma de “habitar um espaço do sonho”. Durante os contos, por exemplo, pensa em fins de mundo e em diálogos que podem ser transformados. Para ele, essa é uma forma também de criar novos caminhos. “A nossa capacidade imaginativa e o nosso poder de criação são estratégias de lidar com as coisas do mundo. Como manusear essas afetações é parte disso. (…) A invenção de novos mundos ajuda a gente a olhar para vida, para um dia após o outro. Olhar pro cotidiano com essa poesia e, assim, conseguir manipular as coisas no nosso entorno”, finaliza.

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