Videodança de grupo potiguar homenageia Bloco dos Cão

O grupo potiguar Movidos Dança lançou nesta semana uma videodança que homenageia e se inspira no tradicional Bloco dos Cão, que acontece na Redinha, em Natal. A produção está disponível no canal de Youtube do Movidos até esta sexta-feira (28), e depois será encaminhada para eventos culturais.

Patrimônio cultural e imaterial da capital potiguar desde 2021, o bloco carnavalesco surgiu no início dos anos 1960, com o tradicional mela mela de lama que reúne foliões em mangues na zona Norte de Natal. Segundo o bailarino Daniel Silva, 42 anos, diretor e criador do Movidos Dança, a ideia de homenagear Os Cão já existia desde o início do grupo, em 2018.

A videodança se inspira livremente para recriar o ambiente de folia e descontração do bloco. Assim como a proposta do Movidos Dança, no Bloco dos Cão a diversidade é um destaque.

“O carnaval, na verdade, é a grande festa democrática brasileira, onde todas as pessoas de distintas classes sociais podem brincar de igual para igual com os grandes carnavais de rua que são a essência viva do Carnaval. O grupo Movidos Dança fala muito sobre isso, sobre a importância dos corpos que dançam, sejam pessoas com deficiência ou não”, diz Silva, que é morador da Redinha.

Para ele, o bloco significa diversidade. Daniel conta que já prestigiou a folia, mas esta foi a primeira vez em que ele se melou na lama. “É um bloco que acolhe pessoas de diversas classes sociais. Até porque, nesse bloco, você não precisa de um abadá para estar lá na folia. Precisa do seu corpo, da alegria e da disposição de estar ali na lama”, frisa.

Na construção da trilha sonora, o Movidos Dança usou áudios reais da celebração dos Cão em 2024, pontua o diretor da companhia.

“Não só para mim, mas para todo o nosso grupo, foi uma experiência incrível. É claro que nós participamos de um cenário planejado, mas a gente pôde ter a dimensão do significado, emprestando os nossos corpos para aquele momento de alegria”, diz. 

O potiguar compartilha que os integrantes do grupo, que conta com seis bailarinos, pretendem participar do bloco nas próximas edições. 

O grupo Movidos Dança é composto por bailarinos com e sem deficiência, numa perspectiva de inclusão dos diversos corpos que dançam. Daniel Silva é uma pessoa com deficiência e se dedica à dança há 16 anos.

Homenagem

Daniel afirma que o propósito da videodança é homenagear uma das festas mais tradicionais do bairro da Redinha e do Carnaval, o bloco que o Movidos descreve como democrático. “A gente encontrou similaridades desse carnaval, que é democrático, que é para todos, com a essência do grupo”, diz o artista.

Após a exibição pública, a videodança será submetida a eventos Brasil afora. “Ele [o videodança] fomenta não só o bloco, mas a cultura do nosso estado, a cultura da nossa cidade”.

Para executar a produção, o grupo contou com apoio da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura e do Governo Federal; e da Prefeitura de Natal, por meio de edital de apoio financeiro ao audiovisual. A videodança tem o recurso de audiodescrição.

O grupo de dança contemporânea Movidos Dança foi criado em 2018 pelo diretor artístico Anderson Leão e por Daniel Silva, destacando-se pela inclusão dos bailarinos com deficiência. Em 2024, conforme Silva celebra, o grupo fez um tour pelo país, apresentando-se com apoio do Sesc Cultural. 

Há diversos projetos para 2025, diz Daniel. “É um grupo que vem crescendo a cada ano”. Ele cita a quebra de padrões estéticos como um dos propósitos do Movidos e conclui que “há espaço, sim, na cultura, na arte, na dança para todas as pessoas”. 

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