Natália e Mineiro afirmam que não há mais como negar que houve tentativa de golpe

Os áudios inéditos revelados pelo Fantástico, no último domingo (23), sobre o envolvimento de militares e civis na trama da tentativa de golpe de estado, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, tornaram insustentável a argumentação dos bolsonaristas que ainda negavam que houve um plano para derrubar o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). Depois da reportagem ir ao ar, a deputada federal Natália Bonavides (PT) afirmou que as últimas revelações eram “um escândalo”. No mesmo tom, o deputado federal Fernando Mineiro (PT) comentou que, agora, “nem mesmo os bolsonaristas dizem que não houve tentativa de golpe”. Já o senador Rogério Marinho (PL), sempre eloquente nas redes sociais, dessa vez não se manifestou.

Os arquivos revelados pela reportagem do Fantástico foram extraídos de celulares e computadores, além da quebra de sigilo, apreendidos durante as investigações da Polícia Federal. O conteúdo das conversas das rocas de mensagens entre os investigados confirmam que Bolsonaro só não assinou o decreto do golpe porque não teve apoio das Forças Armadas.

Em um dos áudios revelados, o general da reserva Mário Fernandes, à época o número dois da Secretaria-Geral da Presidência, confirmou a existência da minuta do golpe dizendo que o decreto havia sido “despachado com o presidente”, numa referência a Jair Bolsonaro.

Mário Fernandes afirma que decreto do golpe foi “despacho com o presidente”. Foto: Reprodução TV Globo

De acordo com o relatório da PF, a mensagem de Fernandes foi enviada “exatamente no dia em que Jair Bolsonaro se reuniu com os comandantes do Exército e da Marinha e com o ministro da Defesa, para apresentar a minuta de decreto”.

Punhal Verde Amarelo

Mário Fernandes, segundo as investigações da Polícia Federal, foi quem imprimiu o plano “Punhal Verde Amarelo” na impressora do Palácio do Planalto para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

No mesmo dia em que imprimiu o plano de assassinato, Mário Fernandes se reuniu com o então presidente Jair Bolsonaro.

Em outro áudio levado ao ar, o coronel Fabrício Bastos afirma que Jair Bolsonaro não assinaria o decreto porque tinha medo de ser preso em razão da falta de apoio das Forças Armadas. A Marinha, segundo ele, foi a única a aceitar participar do golpe, que acabou sendo abortado.

Bolsonaro não assinou decreto do golpe porque teve medo de ser preso. Foto: Reprodução TV Globo

As trocas de mensagens entre os denunciados pela PGR no inquérito da tentativa de golpe de estado também confirmam que os manifestantes bolsonaristas que acamparam em frente a porta dos quartéis após da derrota de Bolsonaro em 2022 eram usados como massa de manobra para criar um clima de convulsão social que forçasse uma intervenção militar.

Dispostos a tudo

Para Natália Bonavides, as novas revelações reforçam que “Bolsonaro e sua turma estavam dispostos a qualquer coisa para permanecer no poder”.

A deputada lembrou também das mensagens da ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça de Bolsonaro, Marília Alencar, confirmando que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi utilizada para impedir que eleitores de Lula votassem no segundo turno em 2022.

“A denúncia da PGR aponta para uma coordenação de estratégias para interferir no segundo turno das eleições presidenciais”, destacou a parlamentar.

“Em 2023, um relatório da Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte afirmou que essa operação criminosa impactou o fluxo de eleitores aqui no nosso estado. Na época, acionamos a Justiça para que essas blitzes fossem suspensas”, completou.

Provas são inquestionáveis

Mineiro afirmou que as provas apontadas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República são “inquestionáveis”.

“A denúncia da PGR traz uma robustez de provas inquestionáveis. Tentativa de golpe é crime e como tal deve ser punido. Não é porque o golpe fracassou que não deve ser punido”, comentou o parlamentar.

Para o deputado, o próprio pedido de anistia, defendido pelos bolsonaristas, é uma “confissão de crime”. “Anistia é para quem cometeu crime. Ao pedirem anistia, reconhecem que cometeram crimes. Assim mesmo, no plural”, enfatizou.

Mineiro disse ainda que Bolsonaro “não pode ser perdoado pelo que fez” e afirmou esperar que a justiça “seja célere, julgue a denúncia e puna, na forma da lei, os responsáveis pela tentativa de golpe”.

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