‘Dor e revolta’, diz mãe de menina morta após ser atendida por falso médico no ES

Alessandra Ferreira Marcelino, mãe de Ana Luisa (destaque), se manifestou sobre o caso e afirma que quer justiça pela morte da filha

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Acervo pessoal e Divulgação/MPES

A poucos dias do júri popular, a mãe de Ana Luisa, morta aos 10 anos de idade após ser atendida por um falso médico em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, se manifestou e afirmou que deseja justiça. O caso aconteceu em janeiro de 2021 e o réu, Leonardo Luz Moreira, será julgado na próxima quinta-feira (27).”Durante todos esses 4 anos temos lutado por justiça. Nossa incessante luta por justiça, todo esse clamor, é para que nenhuma família, nenhuma criança venha passar por esse sentimento de dor e revolta que a nossa família tem passado”, disse Alessandra Ferreira Marcelino em um vídeo divulgado pelo Ministério Público do Espírito Santo — que busca a condenação do acusado pelos crimes de homicídio qualificado, exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.O júri terá início às 8h, no Fórum de São Mateus. RelembreO caso aconteceu em janeiro de 2021. No dia 11 de janeiro daquele ano, a professora Alessandra Ferreira Marcelino, de 48 anos, levou a filha Ana Luisa para o Hospital Roberto Silvares, em São Mateus. A menina apresentava quadro de vômito e dor na barriga.Em um primeiro momento, a criança foi atendida por uma enfermeira até chegar ao médico, por volta das 21 horas. A mãe chegou a questionar o fato de “nunca ter ouvido falar” do médico e foi informada que ele era de outra cidade e que era um “excelente pediatra”.Durante o atendimento, o falso médico fez algumas perguntas e afirmou que o quadro de Ana Luisa seria uma gastroenterite, que, segundo ele, era um “quadro comum”. A mãe chegou a pedir exames mais detalhados, mas foi negada.”Eu estava achando que poderia ser apendicite ou algo mais sério. Com muito deboche ele me disse: eu posso investigar, mas você quer que eu interne sua filha aqui e ela divida leito com pessoas que tem covid? Eu disse que não. Aí, ele insistiu que era gastroenterite e que era para eu continuar dando o remédio à ela em casa”, relembra Alessandra.O médico chegou a recomendar que “se a menina pedisse um refrigerante de cola no café da manhã que ela poderia dar”. “Eu achei aquilo muito estranho”, disse a mãe.Ana Luisa então foi encaminhada para tomar medicação intravenosa. Minutos depois, ela começou a convulsionar até ter uma parada cardíaca. A criança não resistiu e morreu em uma maca no hospital.Após a investigação, o MPES ofereceu denúncia ao acusado em 2023, pelos crimes de homicídio qualificado, exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. Já em dezembro de 2024, o MPES obteve a prisão preventiva do réu, que foi localizado no Paraná. Na época, a prisão foi solicitada após o Ministério Público levantar informações de que ele cursava Medicina em uma universidade do Paraguai, presencialmente. Com isso, vinha descumprindo uma ordem judicial que o impedia de sair do país sem permissão. Após a prisão, o réu constituiu uma banca de advogados do Paraná para realizar sua defesa no Júri.

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