IA e tecnologia de ponta ajudam a proteger florestas no Sul da Bahia

Fiscalizar e combater incêndios, desmatamentos e outras ocorrências ambientais em uma região extensa e complexa, como o Sul da Bahia, demandam planejamento e ações em diversas frentes, envolvendo tanto o poder público quanto empresas privadas e as comunidades. Diante de um cenário desafiador, a tecnologia e a Inteligência Artificial (IA) têm sido parceiras na identificação de queimadas, rastreio de garimpos e atividades como extração ilegal de madeira, por exemplo.A Suzano, empresa de celulose que monitora uma área de cerca de 420 mil hectares no sul baiano, sendo 184 mil destinados à conservação ambiental, por exemplo, estima investir mais de R$ 2,7 milhões em tecnologia neste ano para ampliar o combate aos crimes ambientais na região. “O valor é quase 30% maior do que o aplicado no ano passado, quando a companhia aportou R$ 1,9 milhão em novas tecnologias”, ressalta o gerente-executivo de Inteligência Patrimonial da empresa, Douglas Guedes.

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Segundo a empresa, entre as tecnologias empregadas por ela na Bahia estão 23 torres equipadas com câmeras de alta definição, monitoramento por satélite, nove drones, monitoramento de incêndios por IA, uma central de videomonitoramento que funciona 24 horas, entre outros recursos.De acordo com Guedes, os dados da empresa mostram que as tecnologias contribuem para a diminuição das ocorrências, principalmente de incêndios. Em 2023, por exemplo, mais de 12 mil hectares de áreas florestais foram consumidos pelas queimadas na região, número que caiu para 816 hectares em 2024.“Hoje, já fazemos uso de inteligência artificial para a detecção automática de incêndios, por meio do reconhecimento de sinais de fumaça”, exemplifica. “O sistema consiste em uma rede integrada por torres de monitoramento dotadas de câmeras com IA, que podem alcançar mais de 30 quilômetros de distância. Quando um alerta de incêndio é gerado pelo sistema, nossos operadores entram em ação para garantir que a brigada mais próxima seja enviada ao local e. assim, conseguimos antecipar os riscos dos incêndios em nossas florestas, além de apoiar no monitoramento de áreas vizinhas e comunidades rurais.”

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A empresa anuncia que, ao longo dos próximos meses, projeta instalar novas torres de monitoramento, ampliando a eficiência e a cobertura da área florestal monitorada. Além das torres, a Suzano garante seguir investindo em outras tecnologias para avançar na detecção precoce de ocorrências ambientais, aumentando as chances de reduzir o tempo de resposta e os impactos causados ao meio ambiente.A companhia também mantém o programa Guardiões da Floresta, que visa a proteger suas áreas e as comunidades vizinhas. Por meio do canal, é possível reportar ocorrências pelo 0800-203-0000 (telefone ou WhatsApp), facilitando a comunicação e o rápido atendimento.“O combate eficaz aos crimes ambientais requer um esforço coletivo e integrado, sendo essencial que autoridades, organizações e comunidades trabalhem em conjunto para tratar a questão de forma eficiente, visando a reduzir as graves consequências desses eventos para a sociedade e o meio ambiente”, completa Guedes.Superdrone reforça monitoramentoOutra ferramenta adotada para monitorar florestas é o Nauru 500C VTOL, primeiro drone brasileiro eVTOL (sigla em inglês para Decolagem e Pouso Vertical) a conquistar a aprovação de projeto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para voos de até 60 km e acima de 400 pés (cerca de 1.200 metros).De acordo com o setor de Inteligência Patrimonial da Suzano, o equipamento opera em áreas da empresa no norte do Espírito Santo, cobrindo em tempo real as ocorrências de incêndios florestais e outras situações.Desenvolvido pela empresa brasileira XMobots, maior fabricante latino-americana de RPA (aeronaves pilotadas remotamente), o Nauru 500C VTOL foi criado para operações BVLOS (sigla em inglês para Além da Linha de Visão), podendo decolar e pousar em ambientes difíceis e em áreas confinadas, por reunir o melhor das duas tecnologias de drones: a manobrabilidade da asa rotativa e a autonomia de uma asa fixa.

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Corredor ecológico conecta fragmentos florestais no estado Corredores ecológicos são faixas de vegetação que têm por objetivo conectar fragmentos de matas nativas que foram separadas pela atividade humana, possibilitando a circulação de animais por diferentes áreas de conservação e a expansão de sua área de vida. Isso permite ações como dispersão de sementes, polinização, troca genética e, consequentemente, a conservação da biodiversidade.Iniciativas nesse sentido já vêm sendo adotadas na Bahia. A Suzano, por exemplo, afirma que suas fazendas, e também outras de fora da empresa, estão sendo conectadas por meio de restauração e modelos que combinam cultivos agrícolas e florestais com espécies nativas.A empresa destaca que, em 2024, instalou um corredor entre os Parques Nacionais do Descobrimento e do Monte Pascoal, totalizando cerca de 51 mil hectares de florestas que serão interligadas. A fabricante de celulose informa ter uma parceria com a iNovaland Brasil, que iniciou esse trabalho em 2024 em duas aldeias indígenas da etnia Pataxó. Ainda segundo essas informações, foram 49,9 hectares implantados no corredor com diferentes metodologias de restauração e sistemas agroflorestais. O projeto, afirma a Suzano, também visa a trazer segurança alimentar e incremento à renda familiar, tendo ao todo 32 famílias das aldeias engajadas nas ações, já que as mudas de espécies nativas teriam sido adquiridas em viveiros de instituições da região, fortalecendo a cadeia produtiva.Márcio Braga, diretor da iNovaland Brasil, afirma que esta é uma oportunidade para a participação coletiva de novos parceiros na cadeia da restauração florestal. “Queremos promover a integração de comunidades tradicionais que tiram o seu sustento por meio da produção agrícola, mas nunca tiveram a oportunidade de trabalhar na restauração da vegetação nativa”, afirma. “Com certeza, teremos uma significativa alteração da paisagem com o financiamento de projetos que promovam o engajamento e a geração de renda nessas comunidades.”De acordo com a empresa, essa foi a primeira iniciativa do compromisso de biodiversidade de fora de suas fazendas. A ação, garante, seguirá até 2030. A empresa teria mapeado 190 mil hectares de florestas nativas possíveis de serem conectados por meio de um megacorredor de 450 quilômetros de extensão, entre os municípios de Porto Seguro e Mucuri, no Sul da Bahia, estendendo-se até o Norte do Espírito Santo. O projeto está em execução desde 2022. “Estimamos que cerca de 25% da área a ser restaurada e manejada se encontre fora das áreas da Suzano, sendo imprescindível a adesão dos demais proprietários para que importantes conexões ecológicas sejam efetivadas”, explica o coordenador de Excelência Ambiental da empresa, Diomar Biasutti.Na Bahia, assegura a empresa, o corredor ecológico conectará fragmentos florestais nativos dos municípios de Alcobaça, Caravelas, Mucuri, Nova Viçosa, Prado, Teixeira de Freitas, Vereda, Itamaraju e Porto Seguro. Já no Espírito Santo, os municípios incluídos no projeto são Pedro Canário, Conceição da Barra, São Mateus, Jaguaré, Sooretama e Linhares.A Suzano ressalta ainda que já identificou em suas áreas, somente na Bahia, mais de 420 espécies de aves, mais de 60 de mamíferos e cerca de 900 de plantas. Muitos desses animais e plantas estão ameaçados de extinção e outros tantos são endêmicos, ou seja, ocorrem apenas nas áreas onde foram registrados. “Esses dados atestam a riqueza e a importância da biodiversidade que prospera em nossas áreas, evidenciando o nosso compromisso com o manejo sustentável e a preservação de espécies importantes em seus habitats naturais”, enfatiza Diomar Biasutti.

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