Impunidade não é opção

O caso do ex-secretário da Bahia denunciado por violência psicológica e perseguição à sua ex-companheira após separação traz à luz questão por vezes invisibilizada. Frequentemente subestimado, tal abuso pode ser tão devastador quanto a violência física e costuma ter as mulheres como vítimas preferenciais.O fato divulgado em primeira mão por A TARDE – que teve acesso a ação penal movida no âmbito do Ministério Público da Bahia (MP-BA) – e posteriormente reproduzido por outros veículos de comunicação, torna-se ainda mais grave por envolver figura pública, indicando a necessidade de um debate mais amplo sobre a violência de gênero em nossa sociedade.A violência psicológica se manifesta de diversas formas, incluindo manipulação emocional, controle excessivo, humilhações e ameaças, criando um ambiente de medo e insegurança que pode gerar sérias consequências para a saúde mental. Trata-se de um processo de desestabilização capaz de deixar marcas que perduram por toda a vida da vítima.A denúncia contra o engenheiro eletricista que comandou as secretarias de Indústria, Comércio e Mineração e de Desenvolvimento Econômico do governo da Bahia surpreende por envolver pessoa com alto grau de representação e deve servir como alerta e incentivo ao combate a práticas do gênero.É essencial que as instituições responsáveis pela proteção dos direitos da mulher estejam preparadas para lidar de forma eficaz com tais situações, o que inclui a garantia de políticas públicas de amparo psicológico e jurídico às vítimas, bem como campanhas de conscientização para esclarecer o que é violência psicológica e como ela pode ser identificada e denunciada.É preciso promover um ambiente onde as vítimas se sintam seguras para seguir denunciando abusos e onde a cultura do silêncio e da impunidade seja desmantelada. O sistema policial e o judiciário, por sua vez, devem tratar esse tipo de caso com seriedade e comprometimento. A impunidade não pode ser uma opção.
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