Vereadora de Natal ignora provas e pede anistia a presos pelo 8 de janeiro

A vereadora Camila Araújo (UNIÃO) utilizou seu tempo na Câmara Municipal para defender anistia aos presos pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023. O pronunciamento ocorreu, na sessão plenária de quarta-feira (19), um dia após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser denunciado por tentativa de golpe de Estado em 2022. A parlamentar também protocolou um projeto de lei para dar um título de cidadã natalense a Michelle Bolsonaro “pelos relevantes serviços prestados à sociedade natalense e sua contribuição para o engrandecimento do nome da nossa cidade”.

Na Câmara, Camila disse que vivemos em uma “democracia relativa” e afirmou que o ônus da prova cabe a quem acusa. De acordo com as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF), no dia 8 de janeiro de 2023, uma multidão invadiu e depredou o STF, Congresso Nacional e Palácio do Planalto com o propósito de destituir o presidente democraticamente eleito, sob falsas alegações de fraude eleitoral.

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Entre as provas que serviram de base para as condenações, estão fotos e vídeos nos celulares dos próprios denunciados, apreensões de materiais lesivos, documentos como relatórios de inteligência, autos de prisões em flagrante e depoimentos. Os materiais comprovam, de acordo com o MPF, a adesão ao movimento extremista que havia se instalado no país e evidenciam o clima de destruição e manifestações por intervenção militar.

“Não se tem como falar de golpe sem arma na mão. Eram soldados, pessoas civis que estavam com roupas comuns, com Bíblias no braço, pessoas de joelho. Vendedores de algodão doce, de pipoca, são esses mesmos os golpistas?! O que mais me causa surpresa é que outrora, em tempos atrás, eram essas mesmas pessoas que corriam pelas ruas dizendo assim: ‘pela anistia’. Outros pediram para serem anistiados em outros países, mas agora eles esbravejam com tanta ira, com tanta cólera, com tanta íris, dizendo ‘não à anistia’”, Camila afirmou, iniciando o pronunciamento.

Direitos humanos

Em outro ponto, questionou a atuação da Justiça no país e os direitos humanos dos presos por realizarem os atos antidemocráticos do 8 de janeiro.

“Nesse país não se existe mais Justiça. A Justiça está mais tendenciosa, são coisas sérias, degradação dos direitos humanos e você não vê os defensores dos direitos humanos visitando o presídio federal onde estão lá, cidadãos de bem. Não estou falando daqueles que realmente depredaram. Esses que sabem disso, que estavam de forma oculta, black blocs talvez, eles sabem o que fizeram. Eu estou falando daqueles que estavam ali de forma inocente, apenas querendo transparência. Aí eu falo e reforço: sim à anistia’. Espero que o STF desperte desse desvaneio que está tomando conta, essa ditadura da toga e faça, sim, o que é o seu papel, defender o devido processo legal”, continuou.

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A fala da parlamentar veio no dia seguinte à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e mais 33 pessoas. A peça tem 268 páginas e se baseia em manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens que revelam o esquema de ruptura da ordem democrática, além de descrever, de forma pormenorizada, a trama conspiratória armada e executada contra as instituições democráticas.

Camila também é autora do projeto de lei para tornar Michelle, a esposa de Bolsonaro, uma cidadã natalense. Na justificativa, a parlamentar destaca o período de Michelle como primeira-dama, sua defesa de causas sociais relacionadas às pessoas com deficiência e a sua atuação dentro da igreja evangélica. Além dela, Subtenente Eliabe (PL) propôs a concessão do mesmo título ao próprio Bolsonaro e ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

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