Camila Araújo defende anistia a presos dos atos de 8 de janeiro: ‘Não há justiça neste país’

A vereadora Camila Araújo fez um pronunciamento contundente, nesta quinta-feira 20, em defesa da anistia para os presos dos atos de 8 de janeiro de 2023. Durante sua fala, ela criticou o sistema judiciário brasileiro e questionou a legitimidade das prisões relacionadas ao episódio, que resultou na depredação de prédios públicos em Brasília.

Camila argumentou que muitos manifestantes foram presos injustamente e apontou o que chamou de “dois pesos e duas medidas” na condução dos processos judiciais.

“Estamos numa democracia relativa e não mais absoluta como preconiza a nossa Constituição de 1988”, afirmou Camila ao iniciar seu discurso. Ela defendeu que o ônus da prova cabe a quem acusa e questionou o enquadramento de manifestantes pacíficos como golpistas.

“Não se tem como falar de golpe sem arma na mão. Eram soldados, pessoas civis que estavam com roupas comuns, com bíblias no braço, pessoas de joelho, vendedores de algodão doce, de pipoca. São esses mesmos os golpistas?”, questionou.

A vereadora também criticou o sistema judicial por não oferecer o que ela considera ser um devido processo legal aos detidos. Citando o caso de Clésio, um dos presos que morreu na Papuda, Camila destacou as dificuldades enfrentadas pelos familiares.

“Clésio morreu dentro da Papuda, com problemas de saúde. Seus filhos não puderam se despedir do pai. Nesse país não existe mais justiça, a justiça está mais tendenciosa”, afirmou.

Camila criticou a ausência de ações concretas dos defensores dos direitos humanos em relação aos presos dos atos. “Você não vê os defensores dos direitos humanos visitando o presídio federal onde estão lá cidadãos de bem. Não estou falando daqueles que realmente depredaram. Estou falando daqueles que estavam ali de forma inocente, apenas querendo transparência”, disse.

Ela reforçou sua posição favorável à anistia e cobrou ação do Supremo Tribunal Federal (STF). “Sim à anistia. Espero que o STF desperte desse devaneio que está tomando conta dessa ditadura da toga e faça o seu papel, que é defender o devido processo legal”, declarou.

A vereadora também apontou a suposta parcialidade do judiciário em outras questões políticas e pediu maior imparcialidade nas decisões. “A justiça deve ser para todos. Não podemos permitir que cidadãos brasileiros, incluindo famílias, trabalhadores e pessoas de bem, sejam perseguidos por expressarem sua indignação”, afirmou.

Em tom crítico, Camila questionou as diferenças no tratamento de grupos políticos e relembrou episódios históricos. “O que mais me causa surpresa é que, tempos atrás, essas mesmas pessoas corriam pelas ruas pedindo anistia. Agora, esbravejam com tanta ira dizendo não à anistia”, concluiu.

O pronunciamento da vereadora repercutiu entre os parlamentares e gerou debates acalorados sobre os limites entre liberdade de expressão e atos considerados antidemocráticos. Enquanto setores da oposição criticaram sua fala, apoiadores destacaram sua defesa por justiça e equidade no tratamento dos manifestantes detidos.

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