Para defender Bolsonaro, Rogério Marinho ataca sistema eleitoral brasileiro

Depois de insistir na defesa da anistia para os golpistas condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, o senador Rogério Marinho (PL) também atacou o sistema eleitoral brasileiro durante coletiva de imprensa convocada pela oposição, na quarta-feira (19), após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de Golpe de Estado em 2022.

Marinho saiu em defesa do ex-presidente afirmando que ele estava sendo “perseguido” por um “crime de opinião”, apenas por questionar a “confiabilidade do sistema eleitoral” e defender a mudança pelo “voto aditável”.

“Não há nada mais importante do que a transparência e a confiança do sistema eleitoral, que é a base da democracia liberal que nós representamos. O que nós propugnamos, o que nós defendemos, é um sistema eleitoral que seja mais transparente, é um sistema eleitoral que tenha maior confiabilidade. Isso é crime? Esse é o crime?”, bradou o senador.

Rogério Marinho questiona sistema eleitoral em coletiva da oposição. Foto: Reprodução

Ao dizer que o ex-presidente é vítima de perseguição política pelo “crime de opinião”, Rogério Marinho distorce o conteúdo da denúncia da PGR apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A acusação contra Jair Bolsonaro abrange cinco crimes, mas nenhum deles envolve “opinião”. Os crimes imputados ao ex-presidente são organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Roteiro

O discurso contra as urnas eletrônicas fazia parte do roteiro da organização criminosa que passava pela construção da narrativa de levantar suspeitas sobre o sistema eleitoral brasileiro, “a fim de deslegitimar possível resultado eleitoral que lhe fosse desfavorável e propiciar condições indutoras da deposição do governo eleito”, segundo trecho da denúncia da PGR.

Bolsonaro, conforme a denúncia, era quem comandava a “organização criminosa constituída desde pelo menos o dia 29 de junho de 2021”, que culminou nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, cujo objetivo era “impedir o regular funcionamento dos Poderes da República e depor um governo legitimamente eleito”.

Paulo Gonet enfatiza na denúncia que a trama golpista seguiu uma “cadeia de acontecimentos”, que se desdobraram “em fases, momentos e ações ao longo de um tempo considerável”.

Essa “cadeia de acontecimentos”, prossegue o procurador-geral, foi articulada para permitir à organização criminosa “não deixar o poder, ou a ele retornar, pela força, ameaçada ou exercida, contrariando o resultado apurado da vontade popular nas urnas”.

Cortina de Fumaça

Rogério Marinho repetiu o mantra da oposição de que a acusação contra Bolsonaro seguia um “jogo de cartas marcadas” e que a “justiça é relativa”, apenas com o objetivo de criar uma cortina de fumaça para desviar o foco das provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República.

A denúncia inclui vários elementos de prova, como dados de geolocalização que compravam a participação dos investigados nas reuniões de planejamento do golpe, prints e áudios de conversas de WhatsApp, documentos manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagem “reveladores da marcha de ruptura da ordem democrática”, como citado pela PGR.

Rogério Marinho também distorce a verdade ao dizer que a denúncia é apoiada apenas na “delação de um cidadão que teve que depor diversas vezes para corrigir as suas afirmações em função das lacunas e incongruências que eram apresentadas”, numa referência à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

A delação de Mauro Cid, como se percebe a partir da leitura da acusação da PGR, é somente um dos elementos probatórios que comprovam não só a existência da trama golpista, como também a participação ativa do ex-presidente para a sua consumação.

Bolsonaro, inclusive, segundo a denúncia, sabia e concordou com a operação “Punhal Verde Amarelo”, que consistia em um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

“Os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, plano de ataque às instituições, com vistas à derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrática, que recebeu o sinistro nome de ‘Punhal Verde Amarelo’. O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições”, escreveu o procurador-geral.

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