Variação climática ajuda a derreter a economia

Aquecimento do Planeta reflete a inércia da sociedade

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

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As ondas de calor, que parecem não preocupar muito os tomadores de decisões, que vivem sob o ar condicionado, deveriam ser mais levadas a sério. O que não acontece. O Sol escaldante afeta a saúde das pessoas, o ritmo das cidades, a produção da lavoura.

No Rio Grande do Sul, no ano passado, vimos o flagelo da população e dos animais embaixo das águas, e atualmente o impacto da seca, como na Região Noroeste, que fez com que pés de soja, que deveriam estar com 60 centímetros, tivessem apenas 20 centímetros 50 dias após o plantio.

A Justiça Estadual adiou por três dias o retorno às aulas, de 10 para 13 de fevereiro, em virtude do calor excessivo. As escolas, que não são preparadas para as baixas temperaturas que sempre caracterizaram o Sul, estão menos ainda adequadas ao calor extremo.

Outro dia no mercado, foi uma tarefa difícil tentar escolher tomates que estavam na bancada sem refrigeração. A funcionária falou que as perdas estão sendo altas, porque os vegetais, principalmente as hortaliças, estragam rapidamente.

Não bastasse o contexto climático, somam-se a isso denúncias de que agricultores estariam descartando a produção para forçar o aumento dos preços.  Sejam vídeos de 2024 ou atuais, o fato é que tal prática é questionável diante de uma população que não tem acesso a determinados produtos, independentemente da tabela de preços.

Mas voltando ao calorão, no ano de 2024 foram contabilizadas nove ondas de calor. Em apenas dois meses de 2025, já são três ondas, em que os termômetros atingem temperaturas assustadoras. Em Santa Maria (RS), viralizaram as imagens de cones de trânsito derretidos no meio do asfalto. E em Maracajá (SC), foi o asfalto que derreteu.

O que temos percebido são medidas reativas ao calor. Aumento da venda de aparelhos que possam minimizar as temperaturas, porém apenas para uma camada da população. Até porque nem há energia suficiente para tal demanda. Recomendações para que as pessoas mantenham-se hidratadas. E o que mais? A pergunta é retórica.

As cidades cada vez mais compactadas, impermeabilizadas. Os estacionamentos, ainda mais os recuados, engolindo as árvores… O pouco que resta de pequenas florestas urbanas, devorado pelos loteamentos. O lixo por todos os lados, sufocando a vegetação, expulsando os animais, interferindo no ciclo da natureza.  É um cenário caótico.

No campo, além do asfalto que chega atropelando a vida silvestre, o monocultivo, o uso desenfreado de agrotóxico, a redenção dos pequenos agricultores aos latifundiários, a grilagem de terra, a devastação do que resta de nossos biomas.

Mas às redes sociais das prefeituras, dos estados, do país, a realidade não chega. Artifícios de luz, cores, imagens e outros transformam o universo virtual em algo muito mais atrativo e valorizado que onde vivemos de fato.

E isso tudo reflete na economia. Com os preços disparados… O café é um deles, uma bebida adorada, mas cujo preço está amargando o gosto dos clientes. O que temos hoje é o resultado da redução em 1,5% da área plantada entre 2024 e 2025. Além do ciclo natural da planta, que alterna entre alta e baixa produtividade, fatores climáticos como seca e excesso de calor limitam a produção dos grãos. E a regra do mercado, todos conhecem. Se a procura é maior que a oferta, o preço dispara.

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