Equatorial vira maldição do marabaense com 70% das reclamações no Procon

Enquanto a Equatorial Pará classifica os apagões que permaneceram nesta quarta-feira (28), como “casos isolados”, o Correio de Carajás apurou na mesma data junto ao Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) de Marabá, que a concessionária de energia lidera disparada o ranking de reclamações no município, com 70% dos atendimentos realizados em 2024 voltados para problemas com a concessionária. Há casas que já chegam a 20 horas, desde o temporal de terça-feira, 27, sem energia e a insatisfação é refletida nas redes sociais.

Na última publicação do portal Correio de Carajás, na manhã de hoje, consumidores expressaram indignação com a qualidade do serviço, citando problemas recorrentes e a falta de soluções rápidas, em meio a cobranças abusivas e falhas na prestação de serviço.

Zélia Lopes de Souza, coordenadora do PROCON de Marabá, disse com exclusividade à reportagem que, de janeiro a agosto, 1.909 atendimentos foram direcionados à Equatorial: “Ela vem sempre em primeiro lugar no ranking. As ações movidas no PROCON contra a empresa são variadas, desde cobranças abusivas, leituras que não conferem com o relógio, falta de energia, oscilação de energia que causa queima de aparelhos, até o famoso ‘consumo não registrado’”, relata.

Além disso, segundo ela, o programa também tem recebido muitos consumidores cobrados pela empresa em períodos não permitidos pela legislação. A Equatorial manda a cobrança, e em alguns casos não comprova que está cobrando apenas os três meses retroativos, como deveria.

A coordenadora relata também a importância de uma linha direta entre o PROCON e a Equatorial, implementada para agilizar a resolução de problemas dos consumidores. “Nós temos aqui uma funcionária da Equatorial que chamamos de linha direta. Isso foi uma luta minha, pois houve uma época em que queriam tirar essa posição. Mantivemos porque ela é de extrema importância para o consumidor. Se estou com um processo em andamento e a Equatorial corta a energia da unidade consumidora, eu desço com a funcionária da Equatorial e já resolvemos a questão da religação”, diz.

Questionada pela reportagem sobre a importância da funcionária, Zélia fala da essencialidade de acompanhar de perto os consumidores que buscam acordo com a Equatorial. “Eu não vou aconselhar o consumidor a ir ao Linha Direta na Equatorial sem um acompanhamento do PROCON, porque não sei de que forma esse acordo será feito lá. Meu objetivo é proteger o que está aqui no órgão. Se o consumidor quer fazer um acordo, vamos ver as propostas e acenar no interesse de fazer o melhor para ele”, afirma.

DEMANDAS COLETIVAS

Quando os péssimos serviços da Equatorial impactam a vida de muitos domicílios de um bairro, por exemplo, é bom que eles procurem diretamente o Ministério Público Estadual, como explica a promotora de Defesa do Consumidor, Mayanna Queiroz, de Marabá.

Ela informou à reportagem que o MPPA recebeu 12 reclamações coletivas este ano relacionadas aos serviços prestados pela Equatorial em 2024. Embora nenhuma dessas reclamações tenha sido judicializada até o momento, é importante destacar que elas representam demandas coletivas, abrangendo milhares de consumidores em vários bairros da cidade, como Francolândia, Cidade Jardim, Residencial Magalhães e Vila Cedrinho.

Segundo a promotora Mayanna Queiroz, a maioria dessas queixas diz respeito a constantes oscilações e quedas de energia, além da demora no atendimento por parte da concessionária, especialmente em áreas rurais. Os consumidores também relataram cobranças abusivas e insatisfação com o tempo de resposta aos chamados.

REVOLTA NAS REDES

A insatisfação com a concessionária se reflete nas redes sociais, onde moradores expressaram sua frustração com a qualidade do serviço. Comentários de internautas no Instagram do Portal Correio de Carajás destacam o descontentamento generalizado. “Serviço de péssima qualidade no Residencial Morumbi. Não pode chover que falta energia por 10h”, escreveu @rhangel_fylh. Outro usuário, @hyane_lf, acrescentou: “Vale do Itacaiunas está com quase 24h sem energia e vem falar ‘caso isolado’”.

A situação é ainda mais crítica em áreas como a Folha 28, onde @shirleymorais30 relatou que a região está sem energia há dois dias, impactando o funcionamento de diversas lojas. A moradora @brunna_rocha86 também contestou a narrativa da Equatorial, dizendo que a Folha 29 está sem energia desde as 16h40 de ontem. “Casos isolados é? Desde ontem aqui na FL 29 está sem energia, pessoal da rua toda já ligou lá e nada até agora”, desabafou.

A Reportagem do CORREIO entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Equatorial em Marabá e aguarda posicionamento da empresa sobre o assunto desta notícia.

(Ulisses Pompeu)

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