Jovem autista gabarita prova de matemática do Enem e é aprovado em medicina na Unesp

Alexandre Andrade de Almeida, 18 anos, acertou todas as questões da prova de matemática do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2024, contribuindo para a pontuação de 961,9 no segundo dia do exame. Ele já foi aprovado no curso de medicina em alguns processos seletivos, como na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que avalia parte da nota do Enem e outra pela própria universidade; e na Universidade Estadual Paulista (Unesp), por meio da vaga olímpica, forma alternativa do vestibular tradicional, alcanlando o 1º lugar.

Como a redação era uma das competências que mais tinha dificuldades, ele focou na produção textual e teve avanços no rendimento ao longo do tempo. “Eu tinha boas ideias, mas não conseguia me expressar bem no texto, e tirava notas baixas. Depois de um ano, aumentei em 100 pontos a nota da redação”, relata. Com esforço e muita prática, Alexandre teve um desempenho mais que suficiente para o curso: além de ter acertado as 45 questões de matemática, errou só uma de ciências da natureza e tirou mais de 800 na redação.

Preparação
A rotina de estudos de Alexandre incluía materiais didáticos da escola e contou com a ajuda de professores. Ele também escrevia entre duas ou três redações por semana, além de direcionar os estudos a alguns conteúdos específicos, como português e matemática, e refazer as provas das edições anteriores.

O jovem acrescenta que a participação em competições científicas, como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), a Olimpíada Brasileira de Física (OBF), entre outras, foi importante para o alto desempenho no Enem. “Essas competições tinham conteúdos que caem no exame, então me ajudou na prova”, diz.

Para balancear os estudos, Alexandre também separava momentos de lazer. “Eu faço esse equilíbrio a partir de uma rotina organizada, planejando quais horários eu nado, assisto TV, estudo etc. Tenho um calendário e tento cumprir todas as metas”, descreve.

Acessibilidade

Diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o jovem decidiu se inscrever em ampla concorrência, mesmo com a possibilidade de fazer uma prova especifica, que é aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). “Queria ter a dimensão de como é concorrer ao curso de medicina e poder competir em igualdade com os demais candidatos”, justifica.

No entanto, Alexandre acredita que existe desconhecimento sobre o transtorno por parte das pessoas, no geral, o que leva a ideias equivocadas sobre a capacidade que pessoas neurodiversas podem ter. “Há muito estigma, porque, infelizmente, associam o TEA a uma deficiência, mas é só uma maneira diferente de pensar com características específicas”, defende.

Apesar da decisão, ele acredita que existem desafios para os candidatos com TEA em relação a aspectos estruturais da prova. “A maioria das provas de matemática podem ser mais fáceis, mas as provas de ciências humanas e a redação podem ser mais difíceis, uma vez que são questões mais abstratas que podem confundir a compeensão deles.”

Mesmo admitindo a existência de “lacunas” que um candidato pode ter no momento da prova, como o ensino insuficiente sobre um conteúdos específicos, Alexandre conta que não percebeu esses impasses e manteve a calma durante a avaliação, especialmente no segundo dia do exame.

Expectativas

O jovem conta que, desde criança, sonhava em cursar medicina, mas foi na adolescência que veio a certeza. “Foi com a participação em olimpíadas de biologia e química que eu resolvi que medicina, por ter ambos os temas, seria a matéria que eu queria fazer”, lembra.

Hoje, vendo a possibilidade de ingressar no curso, e no aguardo do resultado do vestibular da Universidade de São Paulo (USP), cujo resultado será divulgado em 17 de fevereiro, ele tem altas expectativas: “Gostaria de aprender mais sobre química, especialmente bioquímica, biologia, anatomia e fisiologia humana, fazer pesquisas nessa área e poder ajudar as pessoas.”

(Fonte: Correio Braziliense)

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