MDS suspende contratos de R$ 11,4 milhões com ONGs do Cozinha Solidária

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) suspendeu os termos de colaboração com quatro organizações não-governamentais (ONGs) contratadas pelo Programa Cozinha Solidária, que fornece refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade social. A decisão ocorre após uma reportagem do jornal O Globo revelar que entidades ligadas a parlamentares petistas não cumpriram o acordo de entrega das quentinhas. Os convênios somam R$ 11,4 milhões e envolvem ONGs em São Paulo, Goiás, Pernambuco e Bahia.

A suspensão, válida até a conclusão da fiscalização, foi anunciada em nota pelo MDS. “Constatada qualquer irregularidade quanto ao cumprimento do objeto pactuado e quanto à boa e regular utilização dos recursos públicos, as devidas medidas saneadoras serão adotadas, o que pode incluir glosa e pedido de devolução de recursos à União, bem como inabilitação das cozinhas junto ao programa”, destacou o ministério.

Entre as entidades suspensas está o Movimento Organizacional Vencer, Educar e Realizar (Mover Helipa), de São Paulo, comandado por José Renato Varjão, ex-assessor dos deputados Nilto Tatto (PT-SP) e Ênio Tatto (PT-SP). A ONG firmou contrato de R$ 5,6 milhões com o governo federal e subcontratou outras entidades ligadas ao PT para produzir e distribuir as quentinhas. No entanto, visitas a endereços informados ao governo não encontraram sinais de produção ou distribuição dos alimentos. Varjão afirmou desconhecer o problema e atribuiu ao acaso a escolha dos subcontratados.

Outra entidade suspensa foi a Associação da Juventude Camponesa Nordestina Terra Livre, de Pernambuco, que recebeu R$ 3 milhões para fornecer quentinhas no estado. A ONG é dirigida por Lúcia Gusmão Brindeiro, assessora da deputada estadual Rosa Amorim (PT). Em nota, a entidade afirmou que está disposta a investigar “qualquer suspeita de irregularidade” e destacou o desafio de fazer os recursos chegarem às pequenas cozinhas informais que atendem a população periférica e campesina.

Também tiveram os contratos suspensos a Associação Plenitude do Amor (APA), da Bahia, e a Associação Filantrópica Casa de Apoio Social (RNA), de Goiás.

O MDS informou ainda que iniciou um processo de atualização cadastral das cozinhas solidárias, com 754 cozinhas já com informações atualizadas desde janeiro de 2025.

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