Apesar da redução de outros crimes, violência contra a mulher aumenta no RN

Na contramão do que ocorreu com outros crimes no Rio Grande do Norte, que registraram quedas, crimes contra a mulher aumentaram entre 2023 e 2024. O número de tentativas de feminicídio quase dobrou nesse período, aumentando de 37 para 66, num salto de 78,4%. Já o registro de violência doméstica (lesão corporal dolosa) cresceu 6% entre os dois anos, passando de 1.348 para 1.429.

A concretização desses crimes, o feminicídio, diminuiu 20,8%, de 24, em 2023, para 19, em 2024. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed/RN).

Entretanto, mulheres ainda morrem em razão de seu gênero no RN. Essa realidade vitimou Mikaelle Pereira da Silva no último sábado (08), aos 28 anos, em Extremoz, na Grande Natal. 

O marido dela, de 27 anos, é considerado suspeito e foi preso preventivamente pela Polícia Civil do RN (PCRN) nesta segunda-feira (10). De acordo com informações da PCRN, o marido confessou o crime. O filho do casal, de apenas 6 anos, teria presenciado o feminicídio.

Números recentes mostram que o Rio Grande do Norte teve redução no número de mortes violentas intencionais – o feminicídio é um dos casos –, porém, apesar disso, a violência contra a mulher ainda tem números alarmantes. Em uma série histórica desde 2011, o RN encerrou 2024 com o menor número de mortes violentas, com 835 mortes. O número caiu 20% em relação ao ano de 2023, quando registrou 1.045 assassinatos, conforme a Sesed/RN. 

Assim como Mikaelle, 19 mulheres foram vítimas de feminicídio no RN em 2024. Segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de feminicídios no RN passou de 16, em 2022, para 24, em 2023.

  2022 2023 2024
Feminicídios no RN 16 24 19

Fonte: elaborado pela Agência Saiba Mais com dados da Sesed/RN e do Anuário

Por outro lado, o cenário de violência contra a mulher ainda registra dados expressivos. Somente no ano passado, por exemplo, o RN registrou em média 3 denúncias por dia de casos de violência psicológica contra a mulher, segundo a PCRN, totalizando 1.239 denúncias. O aumento foi de 24% em relação a 2023, quando houve 996 registros.

2025 já teve quase 1300 pedidos de medida protetiva

Dados do Projeto Marias – Radar da Violência Doméstica, disponibilizados pelo Tribunal de Justiça do RN, indicam que, de 1º de janeiro de 2025 até 11 de fevereiro deste ano, já houve 1.283 pedidos de medida protetiva para mulheres no estado. No total, em 2024, houve 13.704 pedidos.

Já entre janeiro de 2020 e agosto de 2024, o Tribunal de Justiça do RN emitiu 37.594 medidas protetivas. No ano passado, 5.123 mulheres foram vítimas de agressão. 

Na série histórica, entre janeiro de 2020 e agosto de 2024, 10.742 mulheres sofreram agressão física no estado. Em 57,99% dos casos, as vítimas foram agredidas na presença de seus filhos. As agressões mais frequentes foram empurrões (21,28%), tapas (17%) e puxões de cabelo (14,7%).

Como buscar ajuda

O Ligue 180 é um serviço gratuito e funciona 24h todos os dias e recebe denúncias de violações contra as mulheres. Além disso, o canal de denúncia encaminha relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos.

As vítimas também podem recorrer ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras), ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) ou ao Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram) e às Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher (Deam) do seu município ou região metropolitana. 

Para emergências e urgências, ligue 190.

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