Vereador apresentará pedido de CEI para investigar engorda de Ponta Negra

O vereador Daniel Valença (PT) confirmou que apresentará na próxima semana um pedido de criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CE) para investigar a forma como foi realizado o alargamento da faixa de areia da praia de Ponta Negra. A engorda, como ficou conhecido o aterro hidráulico, na opinião do parlamentar, foi feita “às pressas e sem a fiscalização ambiental”. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele questionou a quem interessava que uma obra que custou R$ 108 milhões fosse tocada dessa maneira pela Prefeitura de Natal.

Para que a CEI seja aberta, é preciso obter a assinatura de dez parlamentares. Daniel disse acreditar que, mesmo com a correlação de forças desfavorável à oposição na Câmara Municipal, é possível conseguir o apoio necessário para abrir a investigação.

“A obra da engorda é uma vergonha nacional para Natal. Foram mais de 100 milhões de reais [investidos] e com impactos profundos do ponto de vista ambiental, social e econômico”, declarou.

Para o parlamentar, a obra foi realizada sem atender às condicionantes exigidas pelo Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte), resultando “em uma destruição ambiental sem precedentes em nossa orla”.

“A engorda derrubou o turismo da cidade e de Ponta Negra, considerando a Vila, o conjunto e a praia. Em um cenário como esse, a população se lembrará de quem optar por abafar as investigações dos responsáveis pelo ocorrido”, completou o vereador.

Alagamentos causam prejupizos a comerciantes da praia. Foto: Reprodução

Um ambulante que aparece no vídeo publicado pelo vereador afirma que “as vendas caíram muito” depois da engorda e que o problema atinge tanto os ambulantes quanto os pequenos e grande comerciantes que sobrevivem do turismo na praia mais conhecida de Natal.

Um quiosqueiro que também aparece no vídeo disse que o movimento na praia havia caído 80%. “A temporada de janeiro não foi boa devido à engorda. O pessoal achou muito quente, acho muto cascalhinho dentro do mar. [Os turistas] preferiram ir para outras praias”, declarou.

Um pescador denunciou a situação insalubre da praia, com fezes de ratos na água acumulada na faixa de areia alargada, citando os alagamentos constantes que vêm ocorrendo com as chuvas e a maré alta desde a conclusão da obra.

Já uma turista disse que a praia “mudou muito”, principalmente para “quem tem crianças, medo de mar e não sabe nadar”. Essas pessoas, segundo ela, não entram mais no mar por causa das ondas fortes e da correnteza que ficou mais violenta após a engorda.

De vitrine à vidraça

Iniciada na gestão do ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), em meio a um processo contaminado pela disputa eleitoral, a obra foi concluída no final do mês já na gestão do prefeito Paulinho Freire (União Brasil), mas o que era para ser uma vitrine se transformou numa grande vidraça para a nova administração municipal.

Vala aberta pela chuva próximo ao Morro do Careca. Foto: Reprodução

Um trecho da faixa alargada de areia alagou já na primeira chuva do ano em Natal. Na semana passada, novas chuvas causaram mais alagamentos, que abriram uma vala próximo ao Morro do Careca, arrastando a areia usada na obra para o mar.

A Prefeitura de Natal, em nota distribuída pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), responsabilizou as pessoas pela erosão da faixa de areia da engorda. O secretário municipal de Serviços Urbanos (Semsur), Thiago Mesquita, também acusou a população pela abertura da vala.

Além disso, a maré também tem transformado a área engordada da praia em uma verdadeira lagoa. Thiago Mesquita disse que os alagamentos na faixa de areia alargada, com extensão de mais de 4 km, eram “naturais” e ocorreriam “uma vez ou outra”, até a conclusão da obra de drenagem, que segundo ele será feita em um mês.

O secretário justificou os alagamentos dizendo que a população havia sido “avisada” de que, com a conclusão da engorda, a praia teria uma faixa de areia de 100 metros na maré baixa e de 50 metros na maré alta, mas o vem acontecendo é que os alagamentos estão chegando até o enrocamento de pedras feito para proteger o calçadão.

Os frequentadores da praia também reclamam dos rodolitos na praia, que são as estruturas esféricas formadas por algas calcárias. A Semurb reconheceu, em documento oficial, que o material tem causado problemas, comprometendo a segurança dos frequentadores, a acessibilidade e a paisagem do maior cartão-postal de Natal.

Rodolitos na areai causam riscos à população. Foto: Reprodução Redes Sociais.

O órgão anunciou o lançamento de um processo para contratar uma empresa, com dispensa de licitação, para realizar uma limpeza mecanizada no local. O custo mínimo de referência do serviço foi fixado em R$ 72.982,35.

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