Poesia na voz e no tímpano

Ouvir:É sempre instigante revelar publicamente que música estamos ouvindo. Vou citar aqui quatro personalidades de minha coletânea fundada na base aliada e na grande família. Acompanho com felicidade o contínuo crescimento artístico de Prince Áddamo e Dão Black. Ser um excelente guitarrista eleva a potência do cantor Prince. Dão faz uma costura única na Bahia ao incorporar, na sua baianidade, o balanço do samba-soul. Alexandra Pessoa e Matilde Charles são de um requinte luxuoso. Da mesma lavra que revelou Luedji Luna, Alexandra, há muito, apresenta composições e interpretações refinadas. Matilde Charles é rainha do balanço black. Cantora de performance vigorosa, é, com certeza, uma das artistas mais injustiçadas da nossa terra. Prince, Dão, Alexandra e Matilde também são Ouro Negro.Ler:Ando mergulhado em Sonhando a Terra do Bem Virá: Zapatismo, Autonomia e a Teia dos Povos, de Alejandro Reyes e Joelson Ferreira. Um livro que tem muito a ver com os quatro nomes da poesia contemporânea viva e sem amarras que trago aqui. Cito três poetas e três publicações que você pode trombar pelo cotidiano de Salvador, em saraus, slams e afins. Anajara Tavares e seu Unguento; Jocélia Fonseca, com Magia Negra; e Alessandra Sampaio, com Transbordando Segredos à Lua. Três pretas baianas, crias da escrevivência e da oralitura, expressando lindamente vivências e visões de mundo insurgentes. Sugiro acrescentar nesse fronte afro-feminino a paulista radicada em Salvador Carmen Faustino e seu Estado de Libido.Ir:Podem até dizer que tô vendendo meu peixe, mas, pra quem é da poesia na voz e no tímpano, todos os caminhos apontam para o espaço Ogodô, Pelourinho, onde acontece, no dia 12 de fevereiro, a segunda edição do Sarau Bem Black. Tudo é potência na volta do projeto ao mesmo casarão onde funcionou o Sankofa African Bar, primeiro anfitrião do projeto. Na quarta-feira, o mexicano Alejandro Reyes participa de um breve bate-papo e lança o livro Sonhando a Terra do Bem Virá. A noite contará com a participação do Duo Korapoena, que reúne a voz e a poesia do Mestre Juraci Tavares e a Kora de Rick Carvalho, músico gaúcho radicado em Salvador. No mais, a base aliada do evento já sabe, haverá performances dos poetas residentes, discotecagem e microfone aberto aos poetas da plateia. O repertório musical contemplará clássicos dos blocos afros. O início será às 19h em ponto, viu!*Escritor, performer e professor
Adicionar aos favoritos o Link permanente.