Fevereiro Laranja: mês de conscientização sobre a leucemia

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Durante o mês de fevereiro, a cor laranja ganha destaque para informar a população sobre os tipos de leucemia, os sinais e os sintomas da doença, além de incentivar a adesão ao Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Excluindo os tumores de pele não melanoma, a doença ocupa a décima posição entre os cânceres mais frequentes no Brasil.

A leucemia, também chamada de câncer do sangue, ocorre quando uma célula sanguínea imatura passa por uma mutação genética e se torna cancerosa. Essas células alteradas não desempenham suas funções corretamente, proliferam de forma acelerada e apresentam maior resistência à morte celular. Com o tempo, acabam substituindo as células saudáveis na medula óssea.

A leucemia engloba mais de 12 tipos diferentes e pode afetar pessoas de todas as idades, com subtipos mais comuns em determinadas faixas etárias. Segundo uma projeção do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para cada ano do triênio de 2023 a 2025 é de 11.540 novos casos, representando um risco de 5,33 casos a cada 100 mil habitantes.

De acordo com dados do Painel de Monitoramento do Tratamento Oncológico, entre 2022 e 2024, foram registrados 2.360 casos de leucemia no SUS em Minas Gerais. Em Juiz de Fora, no mesmo período, houve 151 diagnósticos da doença.

Velocidade de progressão

A leucemia pode ser classificada como “aguda” ou “crônica” com base na velocidade de progressão da doença e na funcionalidade das células afetadas. A forma aguda avança rapidamente, produzindo células imaturas incapazes de desempenhar suas funções normais. Já a leucemia crônica se desenvolve de maneira mais lenta, permitindo a presença de um maior número de células maduras, que ainda conseguem realizar parte de suas funções.

Além disso, a leucemia é categorizada pelo tipo de glóbulo branco afetado. As células doentes se originam nos glóbulos brancos produzidos na medula óssea e podem ser do tipo “mieloide” ou “linfoide”. Dessa forma, os quatro principais tipos de leucemia são nomeados de acordo com a rapidez de progressão (aguda ou crônica) e o tipo de glóbulo branco comprometido (mieloide ou linfoide).

As causas da leucemia ainda não são totalmente conhecidas, mas alguns fatores estão associados ao seu desenvolvimento. Entre eles, poucos podem ser evitados, como o tabagismo e a exposição frequente a substâncias químicas nocivas, como formol e benzeno.

Acompanhamento médico regular

Andrea de Magalhães Nicolato, coordenadora da Hemominas, afirma que não há uma forma específica de prevenir a leucemia, ressaltando a importância do acompanhamento médico regular. Segundo ela, “para os adultos, é um hábito saudável. Mas a melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce, como em qualquer tipo de câncer. Quanto mais cedo for identificado, maiores são as chances de cura”.

Os sinais e os sintomas da leucemia variam conforme o subtipo e a progressão da doença, podendo ser confundidos com outras condições. Por isso, é fundamental buscar atendimento médico ao apresentar sintomas como febre, dores nos ossos ou articulações, palidez e cansaço associados à anemia, aumento do fígado e do baço, hematomas, pontos vermelhos na pele, sangramentos inexplicáveis, ínguas no pescoço, axilas ou virilha e infecções frequentes, como candidíase ou infecção urinária.

A dermatologista Betina Nogueira, de 30 anos, foi diagnosticada com leucemia em julho de 2023. Ela conta que, inicialmente, seus sintomas eram parecidos com os da dengue, mas, após exames de sangue, o diagnóstico foi outro.

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(Foto: Arquivo pessoal Betina Nogueira)

“Eu acho que sempre mantive a minha calma, minha tranquilidade diante da doença, de não me desesperar, porque percebi que precisava estar com a cabeça boa para enfrentar o tratamento e ajudar o meu corpo a aceitar tudo de forma adequada. O tratamento é de longo prazo, então não é algo que você resolva rapidamente, como uma gripe ou uma pneumonia. A vida e a perspectiva de vida mudam totalmente. Sempre busquei entender isso da melhor forma e extrair o melhor possível dessa experiência.”

Abordagem multidisciplinar

A coordenadora do Hemominas destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar: “Você não pode tratar um paciente com leucemia sem uma equipe preparada. Isso inclui psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, farmacêuticos, nutricionistas, dentistas e fisioterapeutas. Os médicos devem contar com um time que ofereça suporte adequado. Todas essas áreas são fundamentais para o sucesso do tratamento. O paciente e a família devem ter esse serviço multidisciplinar à disposição para a cura.”

Betina relembra: “Na hora, tentei manter a calma, fazendo o que precisava ser feito. Ficar nervosa não ajudaria. Esse é o mundo das doenças. Logo em seguida, comecei a quimioterapia, fiz três ciclos e passei por mais exames para identificar as mutações e determinar o tipo exato da leucemia. Descobrimos que era uma leucemia mieloide aguda e, devido às minhas mutações, seria necessário um transplante, pois a doença era muito mais grave.”

O transplante necessário para a dermatologista é o de medula óssea, que é responsável pela produção de componentes essenciais do sangue, como hemácias, que transportam oxigênio para o corpo, plaquetas, que ajudam na coagulação sanguínea e previnem hemorragias, e glóbulos brancos (leucócitos), que combatem infecções.

Transplante de medula óssea

O transplante de medula óssea é indicado para pacientes que apresentam produção anormal de células sanguíneas, como nos casos de leucemia, linfoma, aplasia medular e outras doenças hematológicas.

É um procedimento simples e consiste na doação de uma bolsa de sangue, sem necessidade de cirurgia, internação ou anestesia. A medula óssea, localizada nos ossos grandes como a bacia e o esterno, é responsável pela produção do sangue. Esse transplante não exige procedimentos complexos, como outros transplantes de órgãos, mas tem um impacto igualmente vital.

A chance de encontrar um doador compatível entre parentes de primeiro grau, pais e irmãos, é de cerca de 25%. Atualmente, entre 65% e 70% dos pacientes que realizam o transplante de medula óssea de doador não-aparentado recorrem a doações brasileiras.

Quando não é encontrado um doador compatível na família, a próxima etapa é a busca no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) entre pessoas não aparentadas, com uma probabilidade de encontrar compatibilidade de cerca de um para cem mil candidatos cadastrados.

Até novembro de 2024, o total de células-tronco de medula óssea destinadas à doação chegou a 431, um aumento de 8% em relação ao ano anterior, que registrou 398 em todo o país. Em 2022, foram disponibilizadas 382 células-tronco.

O número de novos doadores também aumentou, passando de 119 mil em 2022 para 129 mil entre janeiro e novembro de 2024, segundo o Redome. Em Juiz de Fora, segundo o Hemocentro Regional do município, desde de 2000, foram mais de 55 mil doadores cadastrados.

“Salvar a vida de outra pessoa é algo muito gratificante. A doação de medula óssea pode curar o câncer de alguém, e uma pessoa saudável tem o poder de salvar outra. É uma oportunidade de dar uma nova vida. Sou imensamente grata à minha irmã, que fez esse ato de anjo ao me salvar. Sem ela, eu não estaria aqui, sem dúvida alguma. Foi graças ao transplante dela que estou viva”, diz Betina, que recebeu o transplante de sua irmã, Betânia.

Como se tornar um doador

Para se tornar um doador voluntário de medula óssea, é necessário ir ao Hemocentro mais próximo e se cadastrar no Redome. É necessário que o interessado tenha entre 18 e 35 anos, apresente um documento de identificação com foto e esteja em bom estado geral de saúde.

Após o cadastro, o doador receberá a Carteira Nacional de Doador de Medula Óssea. O voluntário pode ser requerido até os 60 anos e é preciso manter os dados atualizados no sistema.

*estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

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