Manobra indica tentativa de pouso de emergência em avenida de SP, diz especialista

O piloto da aeronave que caiu na manhã desta sexta-feira (7) em uma avenida na zona oeste de São Paulo seguiu protocolo de pousos de emergência da Aeronáutica durante a queda ao erguer o bico do avião e não acionar o trem de pouso.

De acordo com o engenheiro mecânico Paulo Henrique Salles de Carvalho, conselheiro do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) e pesquisador da Universidade do Vale do Paraíba, o procedimento tem que ser seguido em casos de pousos de emergência fora de áreas homologadas, no caso, a avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda. “Tem que pousar de barriga”, explicou.

Durante essa manobra, uma das asas bateu em uma árvore, o que espalhou combustível, então houve a primeira explosão. O piloto Gustavo Medeiros e o dono do avião bimotor, o advogado Márcio Louzada Carpena, 49, morreram na hora. O motorista do ônibus atingido pela queda foi socorrido com ferimentos leves, assim como as demais vítimas, entre elas, passageiros do ônibus, um motociclista e pessoas que passavam pelo local.

Antes de iniciar o procedimento de emergência, é possível ver que a aeronave se desestabiliza, provável momento em que o piloto possa ter percebido que havia algo de errado e começou a procurar um lugar para pousar. “Pode ter sido um caso de perda de potência”, diz o engenheiro mecânico.

Ele explica que, mesmo que houvesse falha em um dos motores, o modelo King Air é considerado tão seguro e potente que poderia manter o voo com apenas um dos motores, o que não ocorreu. Há muitas causas para uma aeronave perder a potência no ar, como falhas mecânicas, de manutenção e humana.

Por isso, ele ressalta que a causa do acidente só será concluída após análise do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Força Aérea.

O voo da manhã desta sexta foi o primeiro após a aeronave passar por manutenção na empresa Up Date, localizada no Campo de Marte, aeroporto de onde decolou. Os representantes foram procurados pela reportagem, mas não retornaram.

A aeronave que caiu era um King Air F90, fabricado em 1981, com capacidade para até oito pessoas, e havia sido comprada em dezembro pela Máxima Inteligência Operações Estruturadas LTDA.

De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o avião foi fabricado pela Beech Aircraft e era um turbohélice de dois motores para sete passageiros, além do piloto.

Ele estava registrado apenas para operação de serviços privados, com veto para realização de táxi aéreo. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil, isso significa que a aeronave não tem permissão específica para realizar operações de táxi aéreo (locação a terceiros), não que não poderia voar.

A situação de aeronavegabilidade era normal e o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) estava ativo e era válido até o fim de 2025.

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