Mulher vítima de abuso sexual na infância se torna policial e prende seu próprio agressor em SC

Jessica Martinelli, policial civil em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, escreveu um livro sobre sua jornada de sofrimento e superação. Ela foi vítima de abuso sexual durante a infância e, 16 anos depois, teve a oportunidade de prender seu agressor, um amigo da família.

Quando Jessica tinha 9 anos, os abusos começaram e seguiram até os 11 anos e meio. A vítima, contudo, não conseguia contar para sua família, pois sentia que não havia apoio. A confiança veio de uma amiga, que relatou à mãe, encorajando Jessica a compartilhar sua dor com alguém próximo. Aos 15 anos, finalmente encontrou coragem para denunciar o abuso à sua irmã, e no mesmo dia, ambas foram à delegacia.

Apesar de encontrar dificuldades e resistência das autoridades, Jessica perseverou e foi determinado que, ao longo de sua juventude, isso ajudaria a moldar sua escolha pela carreira policial. “Eu queria ser como as mulheres policiais que via nas fotos, com força e coragem”, contou Jessica.

A prisão do agressor

Após se tornar policial civil, com 25 anos, Jessica conseguiu realizar, em 2016, a prisão de seu agressor, após um processo longo e desgastante de 10 anos. Ela estava presente na prisão, junto com sua equipe, e descreve a sensação de “encerramento de um ciclo muito doloroso” ao finalmente ver o homem atrás das grades.

“Fui eu que bati a porta da cela. Foi como encerrar um ciclo de 10 anos, um ciclo muito doloroso, que nenhuma vítima deveria ter que passar”, relatou Jessica.

Liberdade do agressor

Apesar da prisão, o agressor foi julgado com base em uma norma anterior e acabou sendo libertado, uma realidade que Jessica enfrenta devido às mudanças na legislação. Ela se dedica a aconselhar outras vítimas de abuso a não se sentirem culpadas, como ela mesma se sentiu durante muitos anos. “Não tem culpa nenhuma”, diz Jessica, reforçando que é essencial falar com alguém de confiança para poder lidar com o trauma.

Lições

Em seu livro “A Calha”, lançado no final do ano passado, Jessica compartilha sua história para trazer conforto a outras pessoas que passaram por situações semelhantes. Ela destaca que sua experiência não define sua trajetória e que cada vítima deve respeitar sua própria história.

“Eu diria para elas: ‘Você não tem culpa. Não tem culpa nenhuma’. E é importante poder contar para alguém de confiança. Não deixe isso guardado, porque não passa, e vai chegar um momento que você vai estourar.”

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