Policiais chamam delator do PCC de ‘psicopata’ e ‘astuto’

Os policiais delatados por Vinicius Gritzbach, assassinado no Aeroporto de Guarulhos no ano passado, descreveram o empresário como alguém “perigoso”.

Marcelo Marques de Souza, conhecido como Bombom, se refere a Gritzbach como “mauricinho”, em depoimento à Polícia Federal revelado pelo Fantástico, da TV Globo. “Nunca conheci o Vinicius. Nunca tive acesso ao Vinicius. O Vinicius sempre foi um cara mauricinho lá no bairro, ele não dava bola para qualquer pessoa”.

Investigador escondia R$ 621 mil em espécie em imóvel de luxo. Delatado por corrupção e envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcelo escondia o dinheiro em espécie em um apartamento de luxo avaliado em R$ 3 milhões na região do Tatuapé, zona leste paulistana. As cédulas estavam em um cofre e também embaixo de um colchão.

Ele disse no depoimento que recebeu o montante de Gritzbach, mas não sabia quanto que tinha. “Aquele dinheiro que tinha numa sacolinha pequena. Eu tinha pego com ele, eu nem sabia quanto que tinha”.

Já o delegado Fábio Baena Martin disse que caiu em uma “armadilha” e foi ameaçado por Gritzbach. “Eu caí numa armadilha, mas fui ameaçado pelo Vinicius. Eu tinha muita preocupação. Minha família estava andando de carro blindado justamente por causa disso. Ele roubou o PCC, mandou matar o PCC. O que ele faria comigo?”.

O investigador Eduardo Monteiro, colega de Baena, afirmou que o empresário era um “criminoso articulado”. “O Vinicius é um criminoso articulado, mentiroso e psicopata. Ele cria a história. Ele tenta desviar a investigação”.

NOMES FORAM DELATADOS POR GRITZBACH – Chantagem para tirar nome de inquérito. O empresário declarou que o delegado Baena e o investigador Eduardo, quando atuavam no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), exigiram dele R$ 40 milhões para tirar seu nome de um inquérito ao qual era investigado por envolvimento em um duplo assassinato.

Assassinatos de envolvidos com PCC. O empresário foi acusado de ser o mandante das mortes de Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante até então influente no PCC, e do comparsa Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, 33, motorista dele, executados a tiros em 27 de dezembro de 2021, no Tatuapé, zona leste.

Segundo o delator, Baena e Monteiro chegaram a receber R$ 1 milhão e o dinheiro teria sido entregue por César Trujillo, dono de uma loja de carros no Jardim Anália Franco, zona leste. O empresário afirmou que os dois policiais foram pessoalmente ao restaurante Sonora receber o dinheiro.

O QUE DIZ A DEFESA DE BAENA E MONTEIRO – Os advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine, que defendem Fábio Baena Martin e Eduardo Lopes Monteiro, chamaram as prisões de “arbitrariedade flagrante”. A nota da defesa, de dezembro do ano passado, diz ainda que os advogados estão “tomando todas as medidas para fazer cessar, imediatamente, a coação espúria constatada”.

“Ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações. Ademais, a defesa denuncia o gravíssimo fato que não se deu o Direito e oportunidade ao delegado Baena contatar seus advogados avisando de sua prisão e do cumprimento do mandado de busca, o que somente reforça a ilegalidade denunciada”, diz trecho da nota da defesa.

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