Prefeitura nega trabalho a comerciantes e mantém Complexo Turístico da Redinha fechado sem justificativa

A Prefeitura do Natal manteve a decisão de não permitir a reabertura do Complexo Turístico da Redinha, mesmo após apelos dos comerciantes locais. Durante reunião com os secretários Arthur Dutra, de Parcerias Público-Privadas (PPP), e Felipe Alves, de Serviços Urbanos (Semsur), os trabalhadores solicitaram a liberação do espaço por mais 30 dias para garantir renda no período do Carnaval, mas tiveram o pedido negado.

A comerciante Ozeni Florêncio Silva questionou a decisão da gestão municipal e cobrou providências. “Nós estávamos muito esperançosos que eles nos dessem uma resposta positiva em relação à nossa volta para o mercado. Porque lá no mercado não existe nenhum impedimento judicial que impeça a gente de trabalhar. Até quando a gente vai ficar em casa com o mercado pronto, esperando trabalhar, enquanto essa empresa que está para assumir já deu deserto?”, afirmou.

Ozeni destacou que o pedido dos comerciantes era pontual, para permitir que as 33 famílias que dependem do mercado tivessem uma oportunidade de gerar renda durante a alta estação. “A gente só quer mais 30 dias para trabalhar, que é o período agora do Carnaval. É só o que a gente quer, e está sendo negado esse pedido”, disse.

Na reunião, os comerciantes cobraram do prefeito Paulinho Freire (União Brasil) uma revisão da decisão. “A gente não vai mais se calar diante de uma situação dessa. A gente precisa trabalhar e está unindo forças. Paulinho Freire, a gente só quer trabalhar. Reveja essa situação de 33 famílias que dependem dali. O mercado está pronto e não existe nenhum impedimento judicial para que a gente não possa trabalhar”, reforçou Ozeni.

Segundo os comerciantes, a Prefeitura afirmou que manterá o diálogo e prometeu chamá-los para futuras discussões, mas sem oferecer soluções concretas. “A gente não precisa de conversa, a gente precisa de algo concreto nas nossas vidas. É só trabalho, é só isso. A gente pediu só mais 30 dias e, após esse período, a gente desocupa o mercado. Mesmo assim, foi negado”, lamentou Ozeni.

Os trabalhadores também ressaltaram que o evento “Boteco em Natal”, realizado no mercado nos últimos 30 dias, foi bem-sucedido, sem registros de problemas estruturais ou administrativos. “A empresa que organizou o evento cuidou bem do prédio, em termos de segurança, higienização e limpeza. Durante 30 dias, tivemos tudo controlado, sem problemas com ninguém. Os organizadores do evento, Nando Rocha e Carlos Sérgio, estavam conosco e também querem continuar esse trabalho por mais um mês”, explicou Ozeni.

Apesar do pedido dos comerciantes e da boa experiência com a realização do festival, a Prefeitura manteve a decisão de manter o Complexo Turístico da Redinha fechado até a realização de uma nova licitação para concessão definitiva do espaço, prevista para fevereiro. Enquanto isso, os trabalhadores seguem sem renda e aguardando uma solução da gestão municipal.

Permissionados do Mercado da Redinha (17)
Permissionários do Complexo Turístico da Redinha durante protesto. Foto: José Aldenir / Agora RN

Sem verba para manutenção, Complexo Turístico da Redinha segue fechado até concessão definitiva

O secretário municipal de Parcerias Público-Privadas (PPP), Arthur Dutra, afirmou que o Complexo Turístico da Redinha permanecerá fechado até a conclusão da concessão definitiva. Segundo ele, a Prefeitura de Natal não tem condições financeiras para manter o espaço aberto neste momento.

“O município não tem condição de manter o mercado aberto agora, porque a gente vai preparar ele para estar em plenas condições para a concessão”, explicou o secretário. Ele afirmou ainda que a estrutura do equipamento está passando por uma avaliação técnica da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) para verificar eventuais danos.

Os permissionários recebem atualmente um auxílio de R$ 1.200,00 enquanto o espaço permanece fechado. Durante reunião com a Prefeitura, representantes do grupo manifestaram preocupação com a decisão, mas, segundo Arthur Dutra, compreenderam a situação. “A reunião foi tranquila, a gente dialogou de maneira muito respeitosa e cordial. Eles explicaram as demandas deles, que são muito justas e que a gente entende, mas, considerando que eles recebem o auxílio, a decisão foi comunicada a eles”, afirmou.

A Prefeitura pretende lançar um novo edital de concessão do mercado em fevereiro, após ajustes no modelo anterior, que não atraiu interessados. “Vamos fazer uma avaliação do edital passado para fazer alguns ajustes, porque o primeiro não apareceu interessado. Estamos vendo quais são esses ajustes para poder relançar ainda agora em fevereiro”, explicou o secretário.

A abertura definitiva do equipamento dependerá do andamento da licitação. “Só vamos ter essa definição quando lançarmos o edital, porque ele tem prazos próprios e aí teremos um cronograma de todo o processo até a abertura definitiva”, detalhou Arthur Dutra.

O secretário também negou ter sido informado oficialmente sobre um possível interesse da empresa que organizou o festival temporário em permanecer operando o mercado por mais um mês. “Pode ser que tenha chegado para a Semsur, porque foi ela que deu a concessão no ano passado, mas para mim não chegou a ser formalizado”, afirmou.

Samanda Alves critica fechamento do Complexo Turístico da Redinha: ‘Comerciantes estão passando fome’

Samanda Alves Vereadora de Natal (3)
Samanda Alves (PT) cobrou a reabertura do Complexo. Foto: José Aldenir / Agora RN

A vereadora Samanda Alves (PT) criticou a decisão da Prefeitura do Natal de manter fechado o Complexo Turístico da Redinha. Após reunião com os secretários Felipe Alves (Semsur) e Arthur Dutra (Secretaria de Parcerias e Projetos – SecPPP), Samanda afirmou que o município não apresentou justificativa legal para impedir a reabertura do espaço enquanto o processo de concessão pública segue em andamento.

“Fizemos vários apelos, inclusive, para que reabra na próxima quinta-feira, até o Carnaval. O pessoal tem mercadoria em estoque, o mercado vinha funcionando bem, então não tem nenhuma justificativa para fechar o Mercado da Redinha”, disse.

Segundo a vereadora, comerciantes que aguardam há três anos para voltar ao trabalho foram surpreendidos com a decisão do fechamento imediato. Samanda denunciou que muitos permissionários ainda não receberam o auxílio pago pela Prefeitura e estão em situação de vulnerabilidade.

“Tem pessoas que estão com problema psicológico, enfim, esperam há três anos para voltarem a trabalhar. Na hora que voltam a trabalhar, são surpreendidos com a decisão de que o mercado já foi fechado”, afirmou.

Na reunião, os permissionários propuseram que o Complexo funcionasse de quinta a domingo, permitindo que, de segunda a quarta, a Prefeitura realizasse possíveis ajustes na estrutura, caso fossem necessários. No entanto, a administração municipal negou a proposta e manteve a decisão de manter o espaço fechado.

“O que os secretários falaram foi uma negativa, inclusive no tom de que nos tratem bem e que não vamos precisar dialogar ainda por muito tempo”, relatou Samanda.

Sem perspectiva de reabertura, os comerciantes protestaram em frente à Prefeitura, cobrando um posicionamento do prefeito Paulinho Freire.

A vereadora reforçou o apelo e cobrou diálogo por parte da gestão municipal. “A Redinha, mais uma vez, por mais um ano, ficará sem seu instrumento de lazer e cultura, que é o mercado. Nós reivindicamos que o prefeito faça um aceno para essas mulheres e homens que dependem dali para sobreviver”, afirmou.

A Prefeitura ainda não se manifestou sobre o pedido de reabertura temporária.

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