Dom Jaime critica superficialidade da fé e falta de aprofundamento religioso

O arcebispo emérito de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, afirmou que há uma perda na formação religiosa e das referências cristãs na sociedade contemporânea. Durante entrevista, ele criticou o distanciamento das bases da Ação Católica, movimento que antes promovia uma formação sólida para leigos e religiosos.

Segundo Dom Jaime, a alienação da fé ocorre quando se valoriza apenas aspectos superficiais dareligiosidade, sem aprofundamento e sem um compromisso efetivo com a vivência cristã.

“Normalmente, nós precisamos retomar o processo de formação. Eu sou de uma geração, ainda do tempo da Ação Católica, do movimento de Natal, da arquidiocese, com Dom Eugênio e os padres ibistas daquela época. Então, havia cursos de atualização para o clero, conferências importantes, e as pessoas iam se formando. A Ação Católica formava leigos para a vida da Igreja”, disse Dom Jaime.

Ele explicou que, com a perda dessas referências, muitos fiéis passam a se apegar apenas a sinais externos da fé, sem um entendimento mais profundo. “Às vezes, nós insistimos muito apenas na verticalidade. E as pessoas vão perdendo formação. Não há mais referências”, afirmou. Para ele, é necessário um processo contínuo de educação religiosa, espiritualidade e cidadania.

O arcebispo emérito também comentou sobre as dificuldades de abordar temas políticos na Igreja. Segundo ele, há uma tendência de rotular e classificar qualquer discurso religioso dentro de espectros ideológicos, o que pode gerar interpretações equivocadas. “Em todo momento, não podemos fazer política, porque tudo é decodificado. Você é catalogado aqui ou ali. E aí, prepare-se também para as restrições”, destacou.

Apesar dessas dificuldades, Dom Jaime defendeu a importância de manter um processo permanente de fé e formação cristã, destacando que a Igreja tem um papel essencial na construção de valores e na orientação da sociedade. “Tudo devemos fazer para um processo permanente de cidadania, de educação, de esperança, de fé”, concluiu.

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