A perda de massa muscular, conhecida como sarcopenia, é um processo natural do envelhecimento, mas pode ser acelerada pela falta de atividade física. De acordo com o gastroenterologista e especialista em sarcopenia Dr. José Gurgel, pessoas sedentárias podem perder até 10 kg de músculo aos 70 anos, enquanto indivíduos ativos preservam mais força e mobilidade.
“A sarcopenia é a perda da massa e da força muscular. Esse processo é muito mais intenso e visível no idoso, a partir dos 60 anos”, explicou Dr. Gurgel. Ele destacou que cerca de 50% das pessoas acima de 80 anos já sofrem dessa condição e que entre 20% e 30% dos indivíduos entre 60 e 70 anos apresentam o problema. “A partir dos 30 anos, começamos a perder de 0,5% a 1% da massa muscular por ano. Se a pessoa tem alguma comorbidade ou é sedentária, essa perda pode chegar a 3% e, no idoso, até 5% ao ano”, alertou.
Segundo o médico, a musculação é o principal meio para prevenir e retardar a sarcopenia. “Não basta caminhar no parque ou fazer uma corridinha. Você tem que, obrigatoriamente, praticar musculação assistida por um profissional adequado”, afirmou.
Ele citou o caso do empresário Abílio Diniz, que iniciou a musculação aos 60 anos e, mesmo aos 90, mantinha um corpo equivalente ao de um homem de 40 anos. “O exemplo dele mostra que, apesar da idade, é possível preservar a força e a saúde muscular por meio do exercício”, disse.
Estudos indicam que um homem de 40 anos com cerca de 40 kg de massa muscular esquelética pode perder 10 kg até os 70 anos, mesmo com atividade física regular. Sem exercícios, essa perda ocorre dez anos antes, aos 60 anos. “Isso significa que o sedentarismo acelera a perda muscular, reduz a mobilidade e aumenta o risco de quedas e fragilidade na terceira idade”, explicou Dr. Gurgel.
Diagnóstico e tratamento da sarcopenia. A sarcopenia é frequentemente silenciosa, mas pode ser identificada por sinais como dificuldade para levantar objetos de 5 kg, subir escadas ou se levantar de cadeiras sem apoio. “O diagnóstico pode ser feito com testes simples no consultório, como a dinamometria, que mede a força de preensão das mãos, e exames de imagem, como a densitometria de corpo inteiro”, afirmou o especialista.
Para tratar a sarcopenia, além da musculação, a alimentação tem papel fundamental. “Se você come uma dieta sem proteína, não há como construir músculo. O ideal é uma dieta normoproteica ou hiperproteica, com 1,3 a 1,4 grama de proteína por quilo de peso corporal por dia para idosos”, recomendou.
O médico também citou suplementos como whey protein, creatina e hidroximetilbutirato (HMB) como auxiliares na preservação da massa muscular, mas alertou para a necessidade de orientação profissional. “O uso desses suplementos deve ser acompanhado por um médico ou nutricionista. A qualidade da proteína consumida é essencial”, disse.
Excesso de proteína não garante ganho muscular. Dr. Gurgel desmistificou a ideia de que o consumo exagerado de proteína traz benefícios. “O corpo não absorve quantidades excessivas de proteína de uma só vez. O ideal é fracionar o consumo a cada três ou quatro horas, com porções de 30 a 40 gramas”, explicou.
Ele também criticou a “carbofobia”, ou o medo exagerado do consumo de carboidratos. “Muitas pessoas evitam totalmente os carboidratos para perder peso, mas sem eles, o corpo não consegue construir músculos. A dieta precisa ser equilibrada”, afirmou.