Janeiro Roxo: campanha alerta para a prevenção da hanseníase

Segundo país em incidência de novos casos de hanseníase no mundo, o Brasil tem o desafio de promover a conscientização para o diagnóstico precoce da doença. Para tanto, existe a campanha Janeiro Roxo, que visa ao combate e à prevenção da hanseníase, doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium Leprae

Conforme dados do Ministério da Saúde, entre 2023 e 2024 houve uma redução de 8,6% no número de casos novos de hanseníase. Enquanto em 2023 foram 21.293 casos, o ano seguinte registrou 19.469. Em 2024, segundo o Datasus, 52 pessoas descobriram viver com a doença no Rio Grande do Norte.

Apesar de ainda ser considerada uma doença estigmatizada, a hanseníase tem cura, dispõe de tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), apresenta sintomas e pode ter suas complicações prevenidas. 

Em outubro de 2024, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início dos testes clínicos da vacina LepVax. A vacina inédita é testada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

“A hanseníase acomete pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece”, explica o Ministério da Saúde (MS). 

Assim como ocorre com outras infecções socialmente estigmatizadas, como HIV e hepatites crônicas, é dada à pessoa que vive com hanseníase a preservação do sigilo sobre sua condição. 

A Lei nº 14.289/2022 também prevê sigilo para pessoas com tuberculose, em diversos meios: serviços de saúde, estabelecimentos de ensino, locais de trabalho, administração pública, segurança pública, processos judiciais e mídias.

Prevenção e diagnóstico precoce

O MS destaca a importância do diagnóstico precoce. Além dele, são importantes “o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada, com caso novo diagnosticado de hanseníase”.

A doença tem potencial incapacitante, podendo gerar deformidades e deficiências físicas nas pessoas infectadas pela bactéria. Diagnosticar a doença em suas fases iniciais e tratá-la é um caminho para prevenir tais desdobramentos. 

“A prevenção de deficiências físicas inclui um conjunto de medidas visando evitar a ocorrência de danos físicos, emocionais, espirituais e socioeconômicos”, afirma o MS. 

Medidas de prevenção de deficiências físicas decorrentes da hanseníase:

  • Diagnóstico precoce, tratamento regular com PQT-U e aplicação de BCG em contatos;
  • Detecção precoce e tratamento adequado das reações e neurites;
  • Apoio a manutenção da condição emocional e integração social (família, estudo, trabalho, grupos sociais);
  • Realização de autocuidados.

Fonte: Ministério da Saúde

Sintomas e sinais

Os sintomas iniciais da hanseníase incluem manchas na pele e alteração da sensibilidade térmica da pele. Também pode haver complicações, e a recomendação das autoridades de saúde é que a pessoa com hanseníase inicie o tratamento o mais rápido possível, para que a doença não evolua e tenha sequelas progressivas e permanentes.

Ainda de acordo com o Ministério de Saúde, outros sinais são o comprometimento de nervos periféricos; áreas com diminuição dos pelos e do suor; sensação de formigamento e/ou fisgadas, nas mãos e nos pés; diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés; e caroços (nódulos) no corpo.  

A transmissão ocorre de uma pessoa que não realiza o tratamento para outra(s) pessoa(s) suscetível(is). O MS frisa que a hanseníase não é transmitida por abraços, compartilhamentos de pratos, talheres, roupas de cama e outros objetos. “A forma de eliminação do bacilo [bactéria] pelo doente são as vias aéreas superiores (por meio do espirro, tosse ou fala), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Também é necessário um contato próximo e prolongado”, esclarece.

Já o diagnóstico é feito por meio de exame físico geral dermatológico e neurológico.

Tratamento 

No Brasil, a principal forma de tratamento é a Poliquimioterapia Única (PQT-U). O SUS disponibiliza o tratamento e acompanhamento dos pacientes em unidades básicas de saúde e de referência.

A PQT-U, um tratamento medicamentoso, usa três antimicrobianos – rifampicina, dapsona e clofazimina. “Essa associação diminui a resistência medicamentosa do bacilo, que ocorre com frequên­cia quando se utiliza apenas um medicamento, o que acaba impossibilitando a cura da doença”, detalha o MS.

A duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença, entre seis e 12 meses – tratamentos para hanseníase paucibacilar (PB) e hanseníase multibacilar (MB), respectivamente. Os medicamentos são seguros e eficazes.

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