RN: crescem expectativas após sangria do 1º reservatório em 2025

O primeiro reservatório a sangrar no Rio Grande do Norte em 2025 foi o açude Dinamarca, em Serra Negra do Norte, no Seridó potiguar. O transbordo foi divulgado pelo Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn) na última sexta-feira (24), junto ao monitoramento dos outros reservatórios do estado – alguns deles com a expectativa de episódios semelhantes.

O açude Dinamarca possui capacidade para 2.724.425 m³, e começou a sangrar por volta das 15h da última quinta (23), segundo o Igarn. Em 2024, o manancial atingiu sua capacidade total no dia 04 de março.

Além do transbordo registrado em Serra Negra do Norte, o Relatório dos Volumes dos Principais Reservatórios do RN traz outros índices volumétricos positivos. A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, maior reservatório do RN, por exemplo, acumula atualmente 1.576.283.957 m³ – 66,42% de sua capacidade total, que é de 2.373.066.000 m³. 

No mesmo período de 2024, o volume acumulado era de 1.261.837.873 m³, correspondente a 53,17% da capacidade total. Segundo maior reservatório do estado, a barragem Santa Cruz do Apodi apareceu com 423.552.600 m³, 70,63% de sua capacidade total de 599.712.000 m³. 

De acordo com o relatório, as reservas hídricas superficiais totais do Rio Grande do Norte estão com 2.787.852.875 m³, o equivalente a 61,28% da capacidade máxima de 4.549.292.624 m³. Em 24 de janeiro de 2024, esse percentual era de 50,23%.

“Alegria e renovação”: a espera pelo transbordo do Gargalheiras

Em Acari, a população vive um clima de expectativa em torno da sangria do açude Marechal Dutra (Gargalheiras), que acumula 32.479.591 m³ – 73,12% de sua capacidade máxima, que é de 44.421.480 m³. 

No mesmo mês do ano passado, Gargalheiras apresentava apenas 710.706 m³, ou 1,60% de sua capacidade. Segundo medições realizadas por moradores no dia 24 de janeiro, faltam cerca de 1,60 m para que o açude sangre. 

O açude transbordou em 03 de abril de 2024, 13 anos após sua última sangria, e a notícia se espalhou Brasil afora. Nesse intervalo de tempo sem sangrias, a população testemunhou níveis críticos de falta d’água – incluindo secas entre 2017, 2018 e 2019.

Segundo a acariense Nailma Silva, no início deste ano houve um crescimento no volume de chuvas no Seridó, e o acúmulo de águas em Gargalheiras é crescente. A expectativa companha esse aumento: “A expectativa, tanto minha quanto da população em geral, está muito alta. Acredito que, se as chuvas continuarem, em breve teremos mais uma grande festa em Acari”, comemora.

Após 13 anos, o Gargalheiras sangrou em 2024 / Foto: Fernando Azevêdo

A pesquisadora na área de Ciências Naturais está confiante de que o açude sangre nos próximos meses. “Não consigo precisar o mês exato, mas acredito que a expectativa da população em geral esteja voltada para março ou abril deste ano”, diz. Nailma afirma que, caso o açude sangre em 2025, será algo grandioso. 

Será um momento de imensa alegria e renovação. É como ver a vida se renovar, a esperança se fortalecer e a nossa terra ganhar um novo fôlego. Além disso, Gargalheiras é um lugar que vai muito além do açude em si. A energia desse lugar envolve tudo ao redor: as serras, o vento, a vegetação, o som da água correndo entre as pedras. É uma experiência única estar ali […]. Ver o açude sangrar é muito mais do que um evento, é uma celebração da vida e de tudo que esse lugar representa”, descreve.

A comunidade local, por meio das redes sociais, acompanha e divulga, com esperança, as novidades como chuvas, transbordos em açudes menores da região e medições do próprio açude. De acordo com Nailma, esse é um dos maiores sinais da expectativa.

Hoje em dia, as redes sociais desempenham um papel fundamental na divulgação das informações sobre o açude e seu volume de água. Além disso, percebo um fortalecimento na valorização da cultura local, com maior visibilidade para o artesanato e as tradições das pessoas que vivem nos arredores de Gargalheiras”, Nailma observa.

Patrimônio histórico, geográfico, paisagístico, ambiental e turístico do RN, o açude representa muito para sua população.

A sangria do açude vai muito além de um simples transbordamento de água. É um verdadeiro fenômeno que conecta o aspecto hídrico ao ambiental, cultural, econômico e social da cidade de Acari. É um momento de celebração, que une a comunidade, resgata memórias e fortalece a identidade do povo acariense”, diz a pesquisadora.

Açude movimenta a economia local por meio do turismo / Foto: Fernando Azevêdo

Quando açude Dourado sangra, suas águas escorrem para Gargalheiras e se acumulam neste reservatório. Conforme os dados divulgados pelo Igarn na última sexta, o reservatório localizado em Currais Novos acumulava 5.018.380 m³ – 48,62% de sua capacidade total de 10.321.600 m³. No fim de janeiro de 2024, o volume era de apenas 185.059 m³, ou 1,84% da capacidade.

Por outro lado, há reservatórios com volumes críticos

O levantamento do Igarn aponta que, apesar das chuvas registradas nas primeiras semanas de 2025, alguns reservatórios permanecem com volumes críticos. 

No Sistema de Acompanhamento de Reservatórios, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, dois reservatórios aparecem como “secos”: o Itans, em Caicó; e a Passagem das Traíras, em São José do Seridó. 

O Itans, segundo o Igarn, acumula apenas 441.064 m³, isto é, 0,58% de sua capacidade de 75.876.405 m³. A seguir, outros reservatórios com volumes inferiores a 10%:

• Sabugi, em São João do Sabugi, com 7,52%;

• Esguicho, em Ouro Branco, com 4,30%;

• Carnaúba, em São João do Sabugi, com 8,40%;

• Jesus Maria José, em Tenente Ananias, com 3,88%;

• Tourão, em Patu, com 8,48%;

• Brejo, em Olho D’Água do Borges, com 5,52%;

• Mundo Novo, em Caicó, com 0,49%.

Fonte: Relatório dos Volumes dos Principais Reservatórios do RN (24 de janeiro de 2025)

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