Jean Paul vai de “não sou mais candidato a nada” para “ainda estou aqui”

Depois de ter sido exonerado da presidência da Petrobras, o ex-senador Jean Paul Prates (PT) deu declarações revelando sua frustração com o PT, mas num intervalo de pouco mais de um mês foi de “não pretendo disputar mais nada” para “ainda estou aqui”, ao afirmar que, se o partido quiser, ele está “à disposição” para as eleições de 2026, inclusive para ser o candidato a governador ou a senador. Fontes ouvidas pela reportagem da Agência Saiba Mais disseram que, ao mesmo tempo que se oferece ao PT, Jean “anda conversando sobre 2026” com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), mas ele negou a informação.

“Não aconteceu isso [conversa com o prefeito Allyson Bezerra]. Tem gente do PT do RN soltando intrigas e inclusive notas de imprensa já integralmente escritas e oferecendo ‘ajuda’ para publicar intrigas. Já peguei aqui e já estou agindo”, refutou, prometendo reagir ao “fogo amigo”.

“A última vez que estive com Allyson foi na Mossoró Oil & Gas, sentados lado a lado institucionalmente. Não teria nada demais se acontecesse [a conversa]. Mas não, não aconteceu sequer algum encontro casual”, disse, peremptoriamente.

Os rumores sobre as conversas com o prefeito Allyson Bezerra surgiram após entrevista concedida pelo ex-senador do PT à Rádio Difusora Mossoró, quando ele afirmou que estava pronto para “cumprir qualquer missão” atribuída pela legenda.

“Eu estou no plantel de um partido hoje, faço parte do Partido dos Trabalhadores e estou à disposição. Essa é uma resposta clássica, mas qualificada. Eu não estou apenas repetindo o manual, estou dizendo que o partido escala e eu estou aqui, se precisar de mim para disputar o Governo [do Estado] ou o Senado, estou pronto para contribuir”, declarou.

Verdadeiros ou não, os rumores da aproximação entre Jean Paul e Allyson Bezerra expõem uma contradição do prefeito de Mossoró, que ao mesmo tempo que estaria “conversando” com o ex-senador petista recebeu, na terça-feira (23), o vereador de Natal, Matheus Faustino (União), ligado ao grupo de extrema-direita MBL (Movimento Brasil Livre).

Em postagem no Instagram, Allyson Bezerra afirmou que era uma “satisfação” receber o vereador natalense no Palácio da Resistência, sede da Prefeitura de Mossoró. Faustino ganhou notoriedade, a ponto de ser eleito para a Câmara de Vereadores de Natal, graças a uma série de polêmicas que protagonizou ao longo de 2024.

Uma delas envolveu o deputado federal Fernando Mineiro (PT) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, na chegada dela ao Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, no dia 15 de março de 2024.

Repetindo a tática de constranger seus alvos, usada pelos militantes do MBL contra políticos de esquerda em todo o Brasil, Faustino abordou Gleisi de forma intimidatória, chegando a agredi-la com o microfone no rosto. Mineiro reagiu à agressão dando um tapa no celular do influenciador e, em seguida, se envolvendo em luta corporal com ele no chão do estacionamento do aeroporto.

A presidente do PT disse à época que acionou a Polícia Federal para apurar o conflito e que tomaria as medidas judiciais cabíveis. Uma representação por “quebra de decoro parlamentar” foi apresentada pelo deputado federal Kim Kataguiri União-SP), fundador do MBL, contra o petista Fernando Mineiro, mas o caso não andou no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

De volta a Jean Paul e Allyson Bezerra, os sinais de fumaça emitidos pelo prefeito de Mossoró, ao tentar se aproximar do PT ao mesmo tempo que dialoga com um parlamentar da extrema-direita, indica que o prefeito de Mossoró não está preocupado com a coerência política, mas somente em atrair o maior número de aliados possíveis para o palanque que pretende formar em 2026 para disputar o Governo do Estado, nem que para isso tenha que juntar “secos e molhados” lado a lado.

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